Há dias estou me devendo escrever algo, já que se a cabeça não para de pensar e falar, apesar de ser algo maravilhoso, nem sempre me basta, pois costumo falar com alguém (claro, isto quando não falo sozinha, que é já um sintoma de um afluxo de pensamentos que precisam de expressão e mais do que isso, expansão).
Quando estamos conversando, falamos e ouvimos. É assim: falo um pouco, você ouve, comenta, se expressa e me devolve a palavra. Paro, lhe escuto e juntamos o pensamento em um único, ainda que cada um com o seu, mas este vira um assunto “em comum” (daí a palavra comunicação = tornar comum) a ser resumido e fechado num momento certo. Ainda que eu pense verde e você pense azul, aprendemos um pouco um do outro e isso há de ser bom.
Geralmente falamos assim: “trocar ideia” ou “conversar”, que etimologicamente deriva de conversare, tendo como raiz a palavra verso = direcionar, voltar para, antecedido do prefixo com (cum), que quer dizer com = estar junto + verso = conversar. Chegamos ao ponto em que fica claro que é necessário que tenham no mínimo duas pessoas para conversar – voltar a atenção para alguém. É mesmo assim que acontece?
Uhm… nem sempre é assim. Muitas vezes as palavras ficam dependuradas na língua aguardando sua vez de sair, mas seus interlocutores se empolgam falando demais, e elas ficam lá com o dedinho levantado, esperando a vez, até que quando elas se dão conta, já as engolimos todas, pois outros pensamentos vieram, outras palavras chegaram, tentaram, olharam o ambiente e chegaram à conclusão que ali não era o lugar delas. Fugiram para um lugar seguro e amoroso. Quando fosse o momento, elas voltariam. Será?
Acontece também de por vezes serem distorcidas por pura maldade ou inveja. É verdade que algumas já até foram pisoteadas, outras enforcadas até quase sufocar. Reagiram como puderam, e algumas cristalizaram-se na garganta do “dono da Casa”.
Existem aquelas que têm preguiça, outras que se zangam e nem voltam mais, saem de férias e vão falar sim, mas em outro lugar. Chegam devagar, estudando o ambiente, não querem saber de frustração. Estas já aprenderam onde são necessárias e queridas, não vão a lugar algum sem convite.
Ah… mas quando sentem que estão em ambiente propício, saem, fluem dançam, brincam, encontram seus pares e dançam. Criam novas palavras, escrevem juntas, cantam, é só alegria.
Nesse momento, percebem que valeu a pena esperar o momento. Você pensou que talvez elas tivessem ficado perdidas em algum ouvido moco, ou quem sabe tivessem se deparado com algumas velhas conhecidas desaforadas, rudes e desrespeitosas.
Mas a verdade é que elas são grandes Alquimistas e sabem muito bem fazer a transmutação através dos Elementos. Há as palavras Fogo que calcinam, limpam até o último resquício de dor, para após criar novas palavras. Elas são o princípio e o fim de toda a conversa.
São o ímpeto, o desejo de expressão e selam o assunto amorosamente com um sorriso ou uma bela gargalhada. Mas, nem tudo são flores, podem selar com um “emoticon” de raiva e um “block”. (Como banalizamos as palavras e as pessoas hoje em dia…!)
É claro que as palavras Fogo podem queimar, ferir e inflamar; podem ser raiva, mas também há o momento paixão – Fogo é isso, queima e também aquece, calcina e também cura;
Há as palavras Terra que plantam e acolhem novas sementes, outras que adubam o solo fértil de pessoas que não souberam plantar suas raízes e flutuam na vida. Estas dão suporte para que possam ver seus frutos crescerem. Muita palavra Água será necessária nesse processo para formatar e alimentar um novo fruto.
Pois é, há as palavras Água, que saem direto do coração e não mentem, fluem direto de um coração ao outro. Elas conversam de verdade, ou seja, “voltam-se para o outro”, estão “com o outro”. Elas curam de forma simples e efetiva. Andam de mãos dadas. Elas contêm “com + paixão”.
Precisam estar sempre presentes se juntando às outras, pois sem elas nada acontece. As palavras Água dão forma às palavras Terra, realizando grandes feitos; amornam as palavras Fogo e até a raiva do Fogo ameniza com elas; a paixão junta-se ao amor. Quando estão com o Ar falam suave e mansamente, abrigam a Verdade e tornam tudo melhor, o aprendizado torna-se Sabedoria.
Quando as palavras Água se encontram sem a presença das outras, basta apenas darem-se as mãos, olharem-se nos olhos e sim. Está tudo ali. Elas são o Silêncio que o Amor contém, por isso são arte, por isso alquimizam e curam.
As palavras Ar, sem trocadilhos, podem ser muito “avoadinhas” e por isso mesmo precisam do Fogo por perto para saírem criando por onde passarem. Elas surgem quando e onde menos se espera, pois realmente voam. Junto com o Fogo podem chegar seduzindo geral, fazendo voz “cool”, sussurrando toda a doçura dos “donos da casa”. Será? Nem sempre… Elas dominam todas as “artes”, afinal, andam por aí, e podem expressar o que quiserem. Elas sabem seus segredos. Para sermos justos, falamos a verdade: sem o Fogo as palavras Ar não sairiam e sem o Ar, não existiria uma palavra sequer.
As palavras Ar também pedem ajuda ao Elemento Terra quando querem ensinar e plantar boas sementes. Quando pedem ajuda dos outros três Elementos são completas, perfeitas e sábias.
Suas roupas são lindas e têm vários tons vibracionais. Elas têm cores também, além disso, podem evocar aromas. Elas criam, curam, realizam, falam a Sabedoria do Universo e são o Amor.
São presentes do Criador – elas são expressão do Verbo.
E quando queremos realmente pensar direito, colocar o pensamento em ordem, obter respostas claras e verdadeiras, e realmente sermos “ouvidos com atenção”, nada melhor do que um papel em branco em nossa frente. Vou contar um segredo para você: quando sentei para escrever, estava pensando em falar sobre a Páscoa… mas palavras têm vida própria…! Opa… ainda dá tempo… rs
Assim, nesta Páscoa gostaria de pedir a cada um de vocês através deste texto que vigiem suas Palavras a cada minuto, conversem estando realmente presentes, emprestem seus ouvidos mas também, antes de tudo o coração. Expressem palavras com todos os elementos, criando e curando; construindo e realizando; analisando, sentindo, e principalmente expandindo tudo isto em benefício de um mundo melhor. Em amor e cura.
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