Já estávamos entrando na década de 1920 e muito ainda era desconhecido. Nas ruas, um burburinho, com as novas suspeitas de revoltas ao Norte, noticiadas pelo folhetim. Barulho esse que se misturava com a já vanguarda, que desfilava em ansiedade, as novas tendências de padrões e hábitos. Todos descontentes com o descaso das autoridades e o abandono completo de governantes corruptos e lunáticos.

A fome ainda assolava muitas portas. As taxas cada vez mais absurdas. E mais uma vez, multidões pelas ruas por acharem como único lugar seguro, ou ao menos, um portal de oportunidades.

Já era dito pelo meu pai, que desde a época de meu bisavô, pouco tinha mudado. Minha família lutou para construir tudo que tinha e depois de mais de um século, nada possuía. Quase praga ou destino. Todos aqueles homens que nasceram portando o mesmo sangue e sobrenome, morriam na mesma luta de uma vida modesta. Comida era um deleite. Mesas fartas de carinho mesmo que as roupas um pouco mais modestas. Ou muitas das vezes, roupas nem tão modestas, que mais aparentavam do que realmente significavam.

E como se não bastasse tantos acontecimentos e previsões aterrorizantes, meu corpo, ainda que jovem, já padecia em tremores e calafrios. Aquele quarto mais parecia um cárcere que local de descanso. Poucos se aproximavam. Mesmo em atenção e amor, ainda havia a distância do medo de contágio de algo nada pronunciável.

Era conhecido pelo porte e cortesia herdados de hábitos familiares. Mas, não devo ter aprendido a sorrir, pela mesma descendência. E agora, nesses dias de solidão e sombra, menos meus dentes mostrava.

Cama fria, quarto frio, emoções frias. Uma lareira distante acesa para aquecer tanto ao redor. Essa, alimentada pela mesma canela de que era feito meu chá. Canela que cuidava de minha saúde, meu analgésico natural e meu estímulo. Canela que cuidava do meu emocional, que curava meus antepassados e traziam todos para perto de mim.

Ainda que a canela não fosse a cura do século, era ela minha vacina espiritual.

Com aquele aroma reconfortante vinham as curas de todas as doenças que meus ancestrais haviam passado e sobrevivido. E foi com ela que fui confortado ao escutar a história de meu bisavô, filho ilegítimo de um Conde covarde. Foi com aquele sabor que criei força e estrutura. Fiz as pazes com meu passado e entendi de onde vinham os tais destinos. Através da canela reverenciei a árvore símbolo de minha família.

Mesmo que no meio de uma enfermidade tão desconhecida e potente, a doença não era mais minha inimiga.

No meio de tanta tecnologia e modernismo do século XIX, ainda não se dominava o conhecimento da espiritualidade de forma mais difundida.

Depois de tantos mares navegados, lugares conquistados, poderes reivindicados, faltava ao homem a humanidade.

E ainda que a minha morte fosse nomeada de Cólera, a Canela já era velha batizada VIDA.

Já era dezembro de 2019, quase 2020. Nas ruas, um burburinho, com as novas suspeitas de revoltas ao Norte, noticiadas pelo folhetim. Barulho esse que se misturava com a já vanguarda que desfilava em ansiedade, as novas tendências de padrões e hábitos. Todos descontentes com…

Link  para artigo Personalidade Olfativa da Canela

Nota: O uso de óleos essenciais deve ser feito sob supervisão profissional para cada caso específico.

Não usar direto na pele sob quaisquer hipóteses.

Marcelo Barroca

Marcelo Barroca Assertividade. Intuição. Humanidade. Assim se caracteriza seu trabalho como Oraculista. Tradução de símbolos arquetípicos com a marca de quem ama e respeita o que faz.

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