Estou em todos os lugares, permeio tudo e todos, mas ninguém me vê, sou o primeiro a chegar e o último da sair da sua Vida. Permaneço com você em todas as situações.
Sou intangível, porém posso me apresentar de várias formas, temperaturas e aromas. Tenho muitos nomes, mas não tenho gênero. Apesar de surgir como Furacão em tempos de crise, por vezes sou o Vento e posso ser brisa tranquilizadora.
Em minha forma Divina sou o Prana e sou o deus Mercúrio, que lhe faz se comunicar e se mover. Quando você está com excesso de pensamentos e não consegue se expressar bem e se sente “aéreo”, é quando estou me excedendo na sua Vida e providências precisam ser tomadas. Esta é uma das razões que nestes momentos sua respiração fica desequilibrada, causando ansiedade e pode ocorrer o que as pessoas chamam de hiperventilação, parecendo que você está com falta de ar, mas é justamente o contrário.
Minha qualidade é a sua qualidade. Eu sou o seu ambiente externo, que depende do seu ambiente interno. Se você está bem, com força, alegria e com pensamentos saudáveis, posso modificar minha forma como ar circulante no ambiente externo, literalmente contagiando a todos à sua volta. Porém, o contrário também é verdadeiro. Em ambientes onde existem brigas, competições egóicas e desentendimentos, torno-me denso e as pessoas mais sensíveis podem afirmar que algo não anda bem por ali com a expressão “o ar está pesado”. E é verdade, não me renovo, retenho toda a energia pesada e tóxica do ambiente, mas isso acontece por uma razão.
Já pensaram como isso é possível? Como acontece? Leve sua mente à uma situação na qual você ficou com raiva, lembre-se da sua respiração, lembre-se do batimento cardíaco e principalmente da qualidade de seus pensamentos. Ih…! Sentiu tudo de novo? Não se preocupe, pois já vai passar, providenciarei a renovação do padrão que lhe levou a sentir tudo isso.
Se você pudesse ver o ar que saía de suas narinas naquele momento, você mesmo sairia correndo do ambiente, pois tratava-se de algo altamente tóxico, e se tivesse cor seria de um cinza escuro, como fumaça de automóvel, exatamente como a poluição que você vê nas ruas da cidade, porém esta é a sua poluição! Gostou? Não, claro que não.
Mas tem jeito e algumas pequenas providências podem modificar a qualidade do ar que entra e sai de você a cada segundo. Pensamos tanto na ecologia, mas às vezes esquecemos que a pior poluição pode estar exatamente sendo produzida pela repetição de padrões tóxicos no seu cotidiano, em forma de raiva, medo, palavras negativas, reclamações sobre aquilo que não se pode mudar do lado de fora… A boa notícia é que podemos mudar do lado de dentro.
Eu caminho por dentro de você todo o tempo, circulo nos organismos vivos em cada átomo, cada célula, em cada molécula, sou onipresente. Não, não sou Deus, mas venho Dele. Sou a sua Energia Vital, portanto posso tomar a forma que você quiser, por isso assuma a responsabilidade pelo que pensa, fala e sente, pois é grande! Sou conhecido aqui no Ocidente como Prana, porém no Oriente me chamam de Chi ou Ki.
Para ficar mais fácil me identificar e lidar comigo, lembre-se da última vez que você esteve em um ambiente aberto, na praia, por exemplo. Ali o céu está limpo, o sol brilha e você relaxa. De repente você tem a impressão de que está vendo pequenas bolinhas transparentes flutuando no espaço. Nessa situação essas bolinhas flutuam razoavelmente rápido, mas também podem ser vistas com o céu mais encoberto, em ambientes abertos, porém nestes casos estou mais pesado, não me movo com tanta desenvoltura.
Se você ainda não teve esta experiência, não perca tempo, aproveite a primeira oportunidade e dê a si mesmo este presente, basta relaxar e desfocar um pouco a vista. O mesmo acontece com você. Essas bolinhas são energia prânica, a mesma que você tem à sua disposição.
Então, agora chegou o momento de colocar em prática o privilégio de usar ao seu favor minhas qualidades em sua forma mais divina, que é o prana. Não vou dizer que é um exercício, para você não ficar com preguiça de praticá-lo, tampouco direi que é teste, pois corre o risco de você temer não passar nele. Brincadeirinha… É isso, uma brincadeira saudável que vai lhe ajudar para sempre. Sempre parece exagero? Não é não. É só vir comigo.
Perceba seu corpo e veja onde tem algum ponto de tensão. Ah…! não tem nenhum? Parabéns! Mas eu não acredito. Vamos lá, veja se há algo que você queira modificar. Para ajudar, vou contar como aconteceu com uma criança de nove anos que conheço e com sua mãe. Digamos que o nome da menina seja Manuelita.
Manuelita estava com dorzinha na barriga, já tinha ido ao médico e após os exames este disse que não era nada, estava tudo bem fisicamente com a menina. Entretanto, já havia uma semana que ela se queixava de dor no abdômen. Como conheço bem a mãe dela, perguntei como andava o ambiente em casa, na escola e essas perguntinhas que a gente faz quando quer descobrir o que está por detrás de algo aparentemente misterioso. Não era tão misterioso assim. Manuelita estava sentindo em volta do umbigo as brigas de seus pais, que ela invariavelmente pressentia, porém nunca as presenciava. Mas sabem como são as crianças. Elas sentem tudo, principalmente aquilo que não vêem.
Manuelita nunca havia percebido as bolinhas transparentes na praia, portanto pedi que ela imaginasse umas bolinhas transparentes. Ela imediatamente fechou os olhos e disse que estava vendo bolinhas coloridas, queria saber se serviriam. Respondi que claro que sim. Pedi que respirasse pelo nariz aquelas bolinhas e prendesse a respiração contando até três. Depois de reter as bolinhas nos pulmões, ela iria expirar imaginando que elas estavam entrando em seu corpo e indo direto para onde ela sentia a dor.
Na quarta vez que expirou falou que as bolinhas estavam andando em volta do umbigo dela e que fazia cócegas. Pedi que continuasse e imaginasse que estavam desentupindo tudo de ruim que ela sentia, pedi ainda que as fizesse desmanchar como se fosse um líquido, saindo pelos pés. Ela achou graça da“brincadeira” e quando terminamos, partiu para a sorveteria com sua mãe, com a recomendação de repetir a brincadeira três vezes ao dia, que levasse a sério e não deixasse ninguém incomodá-la. Aquele deveria ser um momento só para ela.
Passaram-se dois dias quando a mãe me telefonou dizendo que as dores sumiram e a menina estava mais alegrinha. Tiveram inclusive uma conversa de “adultos”, na qual conseguiu expressar seus sentimentos com relação à situação dos pais.
Mais uma semana se passou e a mãe veio me procurar toda satisfeita, dizendo que queria fazer a mesma coisa. É claro que com adultos a coisa é mais complicada, porque são anos de “pensamento lógico” e repetitivo. Enfim, depois de quase três meses de treinamento de como respirar, imaginar e relaxar e, ainda com a ajuda dos óleos essenciais a situação da senhora “S” estava resolvida, ela se sentia forte para tomar as atitudes que a representavam realmente, podendo expressar seus sentimentos de forma assertiva, e claro, depois de muito trabalho e autossuperação, estão todos bem, e viveram felizes e tristes, preocupados e relaxados, disciplinados e desorganizados, feios e bonitos para sempre, já que são humanos e isto aqui não é um conto de fadas.
16 de janeiro de 2013, 20:44
Que delícia de texto,Valéria!
Parabéns!
bjs