Amélia era uma mulher por quem todos tinham respeito e curiosidade. Sua personalidade era forte, muito mais como um mito do que por convivência. Ninguém quase nunca a via, mas sabia de toda a sua fama de poder e magnitude.
Conhecida popularmente no bairro por Dona Abóbora. Hoje fico imaginando que ela deve ter ganho esse apelido, não pela aparência mais rechonchuda e sim, por ser alguém que se transformava na imaginação de todos, assim como a carruagem da famosa Cinderela.
Abóbora tinha a maior casa do bairro, quiçá do quarteirão. Seus muros, sempre com cheiro de erva doce sentido por quem se aproximava. E na nossa imaginação, deveria ter uma mesa permanente de quitutes e bolos mirabolantes que nunca eram experimentados. Acredito que nem João e Maria ousariam tal peripécia.
Era de uma família que aparentava ser nobre, apesar de ninguém ter nenhum tipo de registro. O marido devia ser algum tipo de coronel, mas sem nenhuma fama ou lembrança dele vivo.
Os filhos já adultos, haviam batido as asas e traçado planos para fora da cidade. Dizem até que a mais velha casou-se e foi morar na Austrália, de onde nunca mais voltou.
Amélia vivia só, isolada como Rapunzel. Ela estava sempre recolhida em seu quarto por famosas novenas, mas de fato tal recolhimento devia-se a penitentes dores físicas.
Pela manhã, recebia a visita diária de sua protetora. Essa tinha cara de Malévola, praguejava a cada vez que uma criança se aproximava e quando balbuciava algo, era parecido com “fora daqui”. Dizem por aí que na verdade, não passava de uma cozinheira mal-humorada.
Abóbora tinha 07 afilhados, que recebiam sua proteção, honravam seu nome e se vangloriavam em cantorias cada vez que de sua casa saíam. Felicidade hoje que descobri que se chamava mesada.
Em seu castelo Dona Abóbora vivia, afastada das vistas, mas presente na imaginação de todos. Amélia acumulou durante uma vida inteira sonhos, luxos e heranças, a ponto de nada mais caber em sua casa.
Em cada cantinho daquele imenso palácio, havia um bibelô que a revivesse em memória. Uma verdadeira Fada Madrinha aposentada.
Quando calhávamos na sorte de contemplá-la regando as flores de sua janela, o bom-dia se tornava boa tarde e boa noite. Eram inúmeras estórias mágicas que me acompanham até hoje em sonhos. Mas essas aparições eram raríssimas, talvez somente em sonhos. Como o velho Sítio do Pica-Pau.
Passo sempre pela sua casa e não soube de sua morte, nem tampouco de quando a liberei de minha imaginação. Hoje, venho questionar se Amélia era Mulher de Verdade ou apenas a Dona Abóbora de uma ilusão? Se inventei uma mulher de fábulas ou sonhei para não provocar uma desilusão.
Abóbora, mulher amada, fez com que a vida permanecesse em meu coração.
Óleo Essencial – Erva-doce
Físico: tem efeito sobre o sistema hormonal, agindo diretamente em casos de menopausa, cólicas menstruais e lactação, tendo em vista ter ação estrógena. Estrogênio natural. Além disso, ajuda a prevenir o envelhecimento da pele, contra celulite e edemas. Digestivo, contra gases, vermífugo.
Emocional: calmante, compulsão alimentar causada pela ansiedade, ajuda a liberar o verbo com relação a assuntos antigos não digeridos. Facilita a expressão escrita, falada e inclusive gestual, o que propicia a apresentações em público.
Espiritual/energético: ação anti-miasmática, ou seja, contra energia intrusa. Para pessoas que têm medo de dormir sozinhas. Contra pesadelos.
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