Falar de perfumes e aromas no nosso ramo de trabalho, além de um prazer, é uma provocação, já que são fontes inesgotáveis de assunto.
Fizemos uma pesquisa sobre aromas e além dos resultados práticos, obtivemos algumas estórias interessantes para compartilhar.
Acreditamos que muitos de vocês já se deram conta de que cada perfume conta uma estória, cada música remete a uma determinada época de vida, trazendo além de emoções, memórias de pessoas que julgávamos estar num passado distante. Abaixo, contamos alguns exemplos.
Uma das entrevistadas relatou que um dos perfumes, cujo ingrediente principal era óleo essencial de rosas, tinha cheiro de “mulher boazinha”. Como se tratava de uma entrevista séria, anotamos e perguntamos se ela lembrava de algum fato ou de alguém que justificasse o título. Não lembrava. Após ter contacto com outros aromas, voltamos com outra amostra, mas desta vez, com o óleo essencial puro de rosa, sem nenhum outro ingrediente, imediatamente ela franziu o nariz e respondeu que desta vez a “mulher” havia passado de boazinha à santa. Definitivamente não gostava do aroma de rosas, tampouco de “mulheres boazinhas”.
O interessante sobre isto é o fato de a entrevistada ser uma boa pessoa, daquelas naturalmente espiritualizadas, que têm dificuldades em dizer “não” e está sempre tentando fazer algo que facilite a vida de quem quer que seja. O que justifica suas respostas é exatamente o fato de lutar desesperadamente para se impor diante das pessoas e realizar-se profissionalmente. Tem um alto cargo executivo em uma empresa multinacional, onde chefia um grupo de mais de trezentos funcionários.
Sua questão é que se sensibiliza com os problemas de cada um deles e é cobrada pela direção da empresa por causa disso. O óleo essencial de rosas vibra diretamente no chacra cardíaco, mexendo com os sentimentos das pessoas. Na psicoaromaterapia representa o arquétipo que tem as seguintes características: amor, conforto emocional, harmonia, cooperação, compaixão, preocupação legítima com o próximo, muitas das vezes indo contra o que se pensa e o que se sente, apenas para agradar e atender às necessidades alheias.
Agora, poderia uma pessoa com o perfil acima gostar de um aroma desses, que iria reforçar o que ela já tem naturalmente? Ao contrário, precisa equilibrar tal temperamento a fim de exercer suas funções no mundo de forma mais assertiva. Definitivamente não. Resposta perfeita. Rejeitou aquilo que seria “overdose”. Esse é um exemplo do caráter deste óleo.
Uma segunda entrevistada teve forte reação ao cheiro de erva doce, explicando que remetia à “dor de barriga” e que chegava a sentir dor ao ter contacto com aquele aroma. Desta vez a explicação veio clara e direta – sempre que tinha cólicas, sua avó a obrigava a tomar chá desta erva não permitindo que fizesse uso de remédios. Dando prosseguimento às perguntas, quisemos saber se no final das contas a dor passava. Ao responder que sim, pudemos ver que não importa se deu certo ou errado, o que ficou foi a sensação de dor relacionada ao aroma. Nesse caso, temos o exemplo de memória olfativa de caráter emocional.
Num terceiro caso, este bastante curioso, aconteceu com uma criança de cinco anos. Ao sentir o aroma de lavanda pediu imediatamente à mãe que comprasse o perfume para ela. Esta, um pouco resistente ao pedido da criança, quis se certificar de que ela havia realmente gostado, perguntando por que queria aquele perfume. A resposta veio firme e convicta. “É o cheiro da casa da vovó.” A mãe assustou-se e quis saber como ela sabia que a casa da avó tinha esse cheiro se ela ao menos chegou a conhecê-la. A menina falou sem pestanejar que conheceu o aroma da casa da avó na barriga da mãe. E esta confirmou, era verdade. Quando grávida, morou na casa da mãe, que tinha o hábito de “banhar-se em perfume de lavanda.”
O fato acima nos fez lembrar que o mesmo acontece com a música, e para ilustrar nos ocorreu uma estória parecida. A Senhora “A” – sempre quis escrever isso – estava grávida quando seu marido começou a viajar a trabalho – passavam mais tempo separados do que juntos. Eles tinham uma música tema para a relação deles. Assim, todas as vezes que ela ouvia tal música lembrava do marido distante e chorava de saudades.
Naquele tempo não havia a facilidade do telefone celular, tampouco da internet. Saudade doía mais, devido à impossibilidade real de comunicação. Passaram-se quatro anos, o marido já estava definitivamente de volta, e de repente toca a música tema do casal no rádio. Ela ouve seu filhinho chorando e vai perguntar por quê. Ele não sabe responder. Na segunda vez que isto ocorreu, ela desconfiou que fosse a música. Numa atitude quase sádica, só para ter certeza, deixou passar uns dias e fez o teste. A criança, que estava brincando, abriu o berreiro. Ficou claro que era a reprodução daquilo que a mãe sentia quando grávida, e o bebê (agora com 4 anos), por extensão, sentia o mesmo. Estava tudo registrado no inconsciente.
Esses são alguns exemplos das sinapses que nosso cérebro faz tão naturalmente, que nem nos damos conta da grandeza que isto tem. Seria bom que prestássemos mais atenção a esses pequenos detalhes e agradecêssemos à Vida por tal proteção.
24 de agosto de 2012, 07:21
Oi Valeria,
Gostei…impressionante.
27 de agosto de 2012, 23:44
Obrigada, Vandra.