Prometeu era um titã. Os titãs habitavam a Terra antes da chegada da raça humana tal como a conhecemos – nós mesmos. Ele tinha um irmão chamado Epimeteu – Prometeu quer dizer aquele que vê à frente, e Epimeteu aquele que vê depois.
Epimeteu se empolgou e começou a trabalhar na função de dar “personalidade” aos animais, bem como uma função para cada um. Eles andavam sobre 4 patas, olhando para o chão e isto era muito monótono.
Assim, ele fez um trabalho de diferenciação de cada um – ao leão proveu a coragem; à águia a sagacidade; a alguns deu o dom de voar e se direcionar para onde houvesse melhores condições de vida; deu até cascos resistentes para premiá-los com resistência e longevidade, como no caso da tartaruga.
Prometeu cuidou para fazer um bom trabalho, mas ao que parece, deve ter demorado, pois quando enviou o homem ao irmão para receber suas funções, enviou-o nu, sem asas, sem garras para buscar alimentos e nem podia respirar embaixo d’água como os peixes. O homem precisava de algo muito especial.
Ocorre que quando chegou à presença de Epimeteu para receber seus dons, este colocou a mão na cabeça e pensou: “Caramba… lascou-se!” “Me empolguei aqui com os animais e gastei tudo de bom com eles. Agora não resta nada para ser doado ao homem!” Confessou ao irmão a verdade, porém este nem teve tempo de se estressar. Tinha que tomar providências.
Ele se aproximou da deusa da Sabedoria, Minerva pedindo-lhe um pouco de seus atributos – sabedoria e técnica. O mesmo fez com Hefesto, o deus da forja, pedindo-lhe o fogo.
Ele bem que sabia que Zeus não queria que o fogo fosse dado ao homem. Mas já era tarde, e assim Prometeu roubou o fogo da carruagem de Sol do Deus Apolo, ajudado por Minerva e Hefesto.
Resultado: Agora o homem já poderia criar ferramentas e arar a terra, plantar, cozinhar alimentos, confeccionar roupas, produzir remédios, e aprender até filosofia. Prometeu nos doou um fogo celestial, advindo de Apolo – aquele que cura, que sabe, aquele que é belo…
Caramba… ele nem lembrou que com Zeus não se brinca! Ele ficou tão furioso que providenciou sua vingança. A primeira delas era mesmo para pegar Prometeu pelo pé. Providenciou uma mulher a qual chamou Pandora – ela foi feita a partir de atributos doados por cada um dos deuses – Vênus doou-lhe a beleza, Apolo ensinou-lhe a tocar instrumentos, Mercúrio a presenteou com a habilidade verbal e o dom do convencimento, e cada um que pode, veio trazer-lhe um presente.
Ela chegou à Terra e foi recebida por Epimeteu, que logo se encantou com sua beleza, e apesar de seu irmão havê-lo avisado que não deveria receber presentes dos deuses – ele sabia da pisada de bola que tinham dado – não teve jeito, ele já tinha sido fisgado pela sedução de Pandora.
Zeus deu a Pandora uma caixa belíssima, de cor dourada e a advertiu que jamais a abrisse. Pois é, a curiosidade é algo necessário ao ser humano, pois sem ela não aprenderíamos nada.
Entretanto, ela foi advertida, e por isso mesmo à sua curiosidade foi somada a falta de confiança em Zeus; a arrogância, a falta de respeito por uma ordem dada e, claro, abriu a caixa.
Assim que abriu vagarosamente a tampa, ela foi jogada longe pelas forças que ali estavam. Saíram todas as espécies de doenças; o ódio, a vingança, a inveja, o despeito, a arrogância, o ciúme, a traição, e tudo o de ruim que você puder pensar, estava naquele momento saindo de dentro da pequena caixa.
Ela tentou fechar, mas as pragas já estavam à vontade aprontando todas. Olhou dentro cuidadosamente e havia restado algo ali. Era a Esperança. Bem, ela precisou parar para pensar e tentar descobrir o que fazer com ela, o que significaria aquilo?
Enquanto isso, Zeus ainda não estava satisfeito. Chamou Hefesto e ordenou que acorrentasse Prometeu e o levasse para o alto do Monte Cáucaso. Ali ele era bicado todos os dias por uma águia de bico afiadíssimo pela manhã na altura de seu fígado, sofrendo dores atrozes. Mas como era titã, portanto imortal, ao final do dia conseguia dormir e acordava com o fígado completamente regenerado. Sabe para quê? Para ser bicado mais uma vez, e outra… e outra… Esse sofrimento seria eterno.
Para resumir, ele ficaria ali até hoje sendo bicado pela águia todas as manhãs, sofreria dores atrozes durante o dia inteiro, e quando a noite chegasse o fígado se regeneraria e … isso mesmo, tudo se repetiria ad eternum, não fosse a intervenção de Hércules.
Assim, quem tem sorte tem mesmo, se é que posso falar em sorte diante de tanto sofrimento – isso é para vermos a relatividade das coisas – Hércules estava executando um dos seus trabalhos, quando passou e viu aquela cena desoladora até para ele, que era “o fortão da parada.”
Bem, aqui entra outro deus super hiper querido, que é Kiron (desculpem, me empolguei… gosto dele) – este era filho direto do próprio Zeus com uma mortal de nome Phylira, já até conversamos sobre ela, a deusa dos perfumes. Zeus se apaixonou por ela, só que esta não estava nem aí para ele.
Como ele era Zeus e era do tipo “não aceito não como resposta” – arrogante que só ele, um dia ele estava atacado e cismou que iria fazer sexo com Phylira de qualquer jeito. Que horror! Estavam lá distraídos quando Réia, a mulher dele, apareceu – e foi na hora “h”. Ele não teve tempo de fugir e transformou-se num cavalo.
Pois é, a semente lançada em Phylira foi a do cavalo, e meses depois nasceu um menino cavalo, ou seja,um centauro.
O tempo passou e um dia Hércules estava “bebum” numa festa, e sem querer deu uma flechada na coxa do amigo. Outra ferida que não teria cura, que gerou dores terríveis. Ocorre que Kiron era imortal. Assim, Hércules foi conversar com Zeus, pois lembrou que este havia dito que só livraria o titã caso um imortal abrisse mão de sua imortalidade em função de Prometeu.
Kiron ficou muito feliz ao saber que poderia morrer em paz, não mais teria dores e voltaria para o Infinito feliz por poder ser a solução para o sofrimento de Prometeu.
Desta forma, vemos que se Kiron é o “curador ferido”, que pode curar a todos, menos a si mesmo, de alguma forma isto fica claro que é muito relativo. Ele é sempre o agente de cura de alguma forma. E também é curado ao operar a cura alheia. Ele, por sua vez não morre, pois se perpetua através das curas que faz. A cada um que cura é a ele mesmo que está curando… ad eternum… (hoje estou gostando de escrever essa expressão).
Lembram da Esperança que sobrou na caixa de Pandora? Ela ficou para lembrar que seu reino não é volátil. Ela não pertence ao mundo da matéria. Ela é a Busca, é o norte, serve como estímulo e como fogo combustível para que você siga seu caminho em busca daquilo que quer, do seu desejo, e este, não é para parar e esperar, pressupõe ação. Esperança está ancorada no humano, mas voa em direção ao Céu em busca de seu objetivo, voltando com a solução para a materialidade.
Então temos aqui algumas coisas para o momento presente: realmente a caixa de pandora foi aberta e as pragas saíram – as pessoas deixaram suas sombras soltarem-se por se sentirem chanceladas pelo que supõe-se virá a ser o moto da autoridade maior de nosso país. Não. Não estou atribuindo diretamente a responsabilidade das sombras das pessoas a uma única, mas existem gatilhos sutis, que consciente ou inconscientemente todos nós podemos acionar e dar início a um processo sombrio. É claro que quando fazemos isso, é porque também temos nossas sombras.
O fogo do conhecimento é aquele que nos dá ímpeto para saber, mas também pode nos queimar se não soubermos como usá-lo. Há que ter a sabedoria de Minerva e a técnica de Hefesto; quem faz o Bem tem sempre alguém disposto a ajudar, como Hércules ajudou Kiron e salvou Prometeu. Não há ferida sem solução; não morremos – nos transformamos em cura, tenha ela o nome que tiver. A transformação é uma das garantias do Vida.
E quanto à esperança, teremos que dar a ela o nome que quisermos ou precisarmos, sabendo que ela nos conecta como humanos ao Divino, de forma a não desistirmos daquilo que precisamos ou desejamos.
Prometeu nos deu o fogo do conhecimento, Zeus colocou o homem à prova enviando Pandora com sua caixa de problemas, Kiron curou, ensinou e se doou. Hércules ajudou a todos eles. Todos, no final das contas, fizeram algo para o homem. Agradeçamos a Pandora sua coragem em abrir a caixa – não foi apenas curiosidade – isto seria minimizar seu papel, afinal ela é obra dos deuses.
Ela nos propiciou encarar os problemas e resolvê-los. Nos deu a chance de evolução! E nós como humanidade, o que estamos fazendo para honrar o fogo que nos foi doado? Passaremos na prova imposta por Zeus? A esperança ainda está viva. Quem sabe Pandora é o livre-arbítrio?
Qual o nome de sua Esperança? Para onde ela vai? Coloquei a minha na ponta da flecha de Sagitário.
Dica: essa é muito séria – coloque uma gota do óleo essencial de vetiver na sola dos pés com um creme neutro e massageie-os. Vamos aterrar, ancorar nossas esperanças. Este é o óleo que faz a ligação – do desejo do homem com as possibilidades do Universo.
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