Alquimia dos rituais com incensos e defumações

Acho bem legal começarmos falando sobre o que é um ritual. Eu definiria como uma confirmação, e de certa forma, uma justificativa para algo. A origem da palavra vem do latim e está diretamente ligada aos ritos de passagem.

Assim sendo, aproveitamos para falar que ritual aqui tem o significado de mudança de um estado para outro, o que certamente é uma Alquimia – algo que marca um momento em que algo se vai para a chegada de um novo.

Gostamos de ver o ritual como uma celebração de novos começos. E claro, para que algo comece, temos que ter espaço para isto, portanto o que foi, deixou de ser (pelo menos daquela forma) para dar lugar às possibilidades e oportunidades do novo acontecer.

A menina transforma-se em mulher; o menino transforma-se em homem; o batismo marca um recomeço de uma visão e atitude de vida novos, bem como o casamento e a formatura. Ok, até o divórcio é um rito de passagem,  mas salvo algumas exceções, não costuma-se celebrar. Verdade que alguns até deveriam… Ih… quase julgando a vida alheia… Passou…!

Se alguém me perguntar quando este hábito de incensar começou, só posso dizer que existem alguns registros de haver sido no Egito Antigo com o propósito de aliviar o mau cheiro das residências e também para afastar os maus espíritos.

É claro que se por um lado, com determinados aromas afastavam aquilo que não queriam, com outros, honravam os deuses devido ao aroma agradável e seus efeitos inebriantes.

Consta que foram encontrados pedaços de resinas em tumbas de faraós egípcios já no Egito Antigo – estamos falando de algo em torno do ano de 3.100 A.C!

A palavra incenso tem sua origem no Latim também, ok… quase todas as palavras advêm do Latim, é fato, mas isso não vem ao caso, importante é dizer que a palavra original era incendere, ou seja, queimar.

Os Babilônios costumavam queimar incenso oferecendo orações para os Oráculos, pessoas que previam o destino e ofereciam palavras de sabedoria.

Como vimos, para se ritualizar algo precisamos lembrar que trata-se da transição de um estado para outro, ou seja, uma mudança, o que pressupõe movimento.

E é exatamente neste ponto que gostaria de falar sobre os 4 Elementos da Natureza, já que sem eles nada se move, nada existe, na verdade. Afinal, eles já estão por aqui desde que Deus criou o Mundo com o impulso de Sua Vontade – o Fogo.

E é aqui exatamente que vamos nos ater – quando desejamos algo, só o desejamos porque existe o Elemento Fogo, pois sem este, como disse, nada existiria. Assim, se vamos iniciar algo, lembremos que é o Elemento Fogo que nos ajuda a não só querer, mas também no sentido de nos movermos em direção àquilo que desejamos.

Para agirmos, termos atitude e força física e muscular para esse “ir em direção” literalmente falando, precisamos do Elemento Terra, já que sem ele, não existiria nem a matéria!

Agora que já desejamos e nos movemos em direção àquilo que queremos, precisamos pensar direitinho em nossas escolhas para que tudo dê certo. Este “pensar direitinho”, em outras palavras, é: Considerar, o que significa, literalmente, submeter aos Céus.

E para considerar, elevar aos Céus, estamos falando do Elemento Ar. Assim, podemos depois de traçar metas  colocar o pé na estrada.

E por fim, sem o Elemento Água, não há fluxo para a ação, portanto nada acontece. Como realizar algo sem sentirmos o ambiente, sem nos adaptarmos às circunstâncias com um joguinho de cintura com a própria Vida, contornarmos as pedras do rio de nossas próprias (e de terceiros também, claro) emoções para podermos  chegar onde desejamos?

Sim. Tudo tem seu início, seu processo e não necessariamente seu final, já que o que vemos como fim é apenas um processo de readaptação a um novo estágio de ser.

Está soando filosófico? Nada disso, é simples: quando você vê uma semente de maçã, você não está vendo a maçã, apesar de ela estar ali inteirinha em potencial. A seguir, essa semente se transforma, passa pelo processo – não sem dor, pois ela literalmente tem que arrebentar e sair rasgando a terra. E lá vai ela até chegar ao topo em forma de fruta.

E quando você olha a maçã no pé, vê a semente? Lembra dela? Ok, ao entrar em outro estágio como alimento, quando você a come para nutrir-se, vê a semente, e se não tiver uma terra por perto, a descarta. Oh… que peninha… Mas se tudo der certo, você olha a semente, a devolve à terra e começa tudo de novo…

Bem, falamos da Alquimia, da ressignificação e do “processo reencarnatório” da maçã, só para ficar mais light o assunto…

O Ritual de Defumação – de forma bem simplificada:

Agora que já falamos dos elementos, vamos ver como fazer um ritual para limparmos nosso ambiente.

Para iniciarmos qualquer ritual sagrado, precisamos tê-los representados no ambiente.

Fogo – simbolizado por uma vela – acender o Fogo Alquímico;

Terra –um cristal transparente, um cristal de rocha, por exemplo;

Ar – podemos utilizar uma folha de alguma árvore como pinho, eucalipto, cipreste, ou um óleo essencial do elemento. Para facilitar, foque: uma folha verde já está perfeito;

Água – ok, ideal é água da fonte, da chuva, mineral ou um bom copo de água filtrada já estará muito bem representado o elemento.

Pegar um pote de barro – o barro já contém em si os Elementos terra e água como matéria prima. Sim, precisou do fogo (no forno) e do ar – aliás, nem precisava falar, já que sem ar não existe fogo, né?

Colocar o carvão para arder no local adequado e quando estiver em brasa, coloque as ervas de sua escolha.

Sugestão para o momento que estamos passando no nível Coletivo:

Guiné – (Petiveria tetrandra)  é uma planta que afasta os miasmas, faz realmente uma faxina na aura e nos ambientes. Tira o peso do corpo, aliviando as dores causadas por estresse ou energias negativas. É também conhecida como “Amansa senhor”, pois os escravos a trituravam e jogavam o pó misturado na comida de “seus senhores”. Além disso, sempre que tinham oportunidade, faziam chás e davam para eles a fim de acalmá-los de sua fúria tanto sexual contra as escravas, quanto com relação aos feitores. Eles perdiam as forças físicas com essa erva que é altamente tóxica e calmante em nível master.

Essa planta forma um campo energético fortíssimo em volta de quem a usa ou dos ambientes onde ela permanece seja plantada, ou que “passeie” em forma de fumaça como defumador. Descarrega energias densas. Trata-se de uma erva de defesa dos guerreiros.

Carvão – usar um carvão em disco, aquele que já vem com pólvora. Em caso de ter pessoas alérgicas em casa, utilize carvão vegetal (de casca de côco) e jogue umas gotinhas de tintura de ervas, ou álcool, ou mesmo algum óleo essencial no próprio carvão, pois além de sutilizar a erva, ajuda na combustão.

Utilizar um punhado de folhar secas, colocar no pote, pedir a ajuda dos Elementais da planta para que se doem em sua energia para curar, limpar… Fale os verbos desejados no infinitivo sem pronunciar quaisquer palavras com conotação negativa.

Comece de dentro para fora;

Fique à frente da fumaça;

Cruze os ambientes, de forma que termine na porta de saída do recinto;

Coloque uma música clássica de acordo com sua intuição e intenção;

Faça uma oração. Se nenhuma lhe ocorrer, é simples. Apenas repita:

“Esta casa tem 3 cantos. Cada canto tem um santo. Em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo. Amen!”

Após a defumação de limpeza, gosto de colocar um aroma de flor, desta vez em forma líquida para harmonizar o ambiente. Todo cuidado ao manusear um turíbulo ou pote com ervas em brasa. Só deve ser feito com segurança!

Todo ritual de limpeza e purificação tem melhor potência se feito na Lua Nova, Lua de Fogo.

Nota: Aqui não recomendo a utilização em forma de chá. Para utilização dessa erva, ou qualquer outra para ingestão, informe-se de sua real necessidade e das doses com quem entenda do assunto.

Valéria Trigueiro

Valéria Trigueiro é perfumeterapeuta com experiência na elaboração de perfumes personalizados segundo o equilíbrio dos 4 Elementos. Seu trabalho define-se como "Aromaterapia e Espiritualidade.

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