Aromaterapia sob a ótica da alquimia

Várias são as definições de Alquimia, entretanto gosto de utilizar a  mais simplesmente entendida. Alquimia é a natureza primordial, aquela do princípio de tudo, desde as três substâncias aos Quatro Elementos, à Vida mineral, vegetal e animal, e claro, nesta incluído o ser humano.

Continuando com  a intenção de simplificar, a Alquimia é a arte de transformar o chumbo, aquilo que é pesado, sem valor, cinza e não nos serve, como doenças, pensamentos invasores, e tudo que nos empobrece como seres humanos, em ouro, ou seja, seres valiosos, brilhantes, iluminados, prósperos e saudáveis.

Seu peso vale muito em termos de vida consciente, de tudo que realmente nos enriquece como essência pura, ou espírito, além dos efeitos no plano físico e emocional.

A Alquimia parte de um princípio básico que diz o seguinte: solve et coagula, do Latim, que traduzindo para o nosso idioma ficaria solve = desmancha, desata, liberta (do chumbo). E coagular = tornar firme, solidificar, unir. Temos esse princípio como meta, desmanchar padrões antigos, crenças arraigadas que não mais nos servem, desintoxicarmo-nos física e emocionalmente, libertando-nos do antigo, e coagulando, unindo nossas pontas soltas na saúde, em novos conceitos e na sabedoria, o encontro do nosso ouro interno.

O foco não é na personalidade (ego), algo adquirido e formado pelo meio ambiente, é a máscara que utilizamos para o mundo, e muitas vezes para nós mesmos. A Alquimia tem sua luz voltada para o temperamento do indivíduo, considerando-se inclusive a estrutura física na qual o espírito habita para desenvolver suas experiências por aqui no Planeta.

A Aromaterapia, bem mais conhecida de muitos, e ainda mantendo a ideia de simplificar, posso defini-la como a arte da utilização de óleos essenciais, que têm entre suas muitas funções, proteger as plantas e, por outro lado, atrair insetos a fim de polinização, criando novos ciclos de vida.

Como outro princípio alquímico nos ensina, “Aquilo que está em cima é igual ao que está embaixo”, repetido em outras palavras por Carl G. Jung, que dizia “o que está dentro está fora”, utilizamos os quatro Elementos da Natureza encontrados nos óleos essenciais para equilibrar nossa própria natureza, nos afastando e protegendo daquilo que não mais nos serve, limpando as mazelas do passado (solve) e atraindo para nossas vidas aquilo que realmente buscamos e precisamos, tornando-nos saudáveis, fortes e emocionalmente sólidos (coagula).

Quanto mais o ser humano aproxima-se da Natureza, mais simples se torna lidar com ele mesmo, já que ao mudar o foco para o que é natural em si, torna mais fácil ter-se uma dimensão mais apropriada para os eventos cotidianos.

A Alquimia aliada à aromaterapia faz isso de forma fantástica e poderia até dizer poética, já que após determinarmos a natureza do desequilíbrio quanto à temperatura, vibração, localização, temperamento e histórico, e ao considerarmos a substância afetada (sulphur, sal ou mercurius), a escolha dos óleos essenciais a serem utilizados torna-se tarefa de fácil percepção e de forma mais eficaz.

Estes além de serem classificados pelos seus quimiotipos, propriedades e vibrações, podem ser escolhidos segundo o Elemento da Natureza em desequilíbrio, falta ou excesso. Além disso, a Alquimia facilita em muito a descoberta de qual  arquétipo o indivíduo está vivenciando, o que virá a apontar para os óleos essenciais ideais para cada caso.

A Sra. J. estava passando por uma situação muito comum hoje em dia. Sentia-se enfraquecida, sem graça, com a autoestima lá no pé, além de faltar-lhe vontade de fazer qualquer coisa que não fosse dormir e comer chocolates. Assim mesmo, tinha preguiça de levantar-se da cadeira para buscar seu fiel companheiro na geladeira. É…, isso acontece! Bem, muitos de vocês sabem disso.

Acontece que ela é uma bela mulher de 32 anos, desempregada, divorciada, sem filhos e doida para refazer sua vida afetiva e financeira, portanto precisaria ter forças para ir à luta, só que ficava apenas querendo e reclamando, sentindo-se vítima das circunstâncias. Ela veio me procurar para que eu a atendesse com os florais alquímicos, mas foi logo avisando que estava sem dinheiro, não poderia pagar consulta, tampouco comprar florais, afirmando ter vindo empurrada por uma amiga em comum. Começou falando que não acreditava muito “nessas coisas”, claro, isto era um teste de paciência para mim, entendi e fiz a consulta com todo cuidado e carinho.

A aparência dela expressava exatamente o que ela estava passando. Uma mulher sem brilho. Usava uma roupa cor da pele, cabelos presos, usava um brinco de tamanho quase imperceptível, falava baixinho e chorava entre uma frase e outra. Além de outros detalhes que deduravam que ela estava deprimida, aliás, prefiro dizer melancólica, faltava-lhe vigor tanto emocional quanto fisicamente. Ela estava morrendo de saudades de si mesma, pois o passado havia sido péssimo, mas mesmo assim “ela era feliz e não sabia”! Quando me falou essa frase, quase me joguei da cadeira, claro.

Entretanto, agradeci a Deus por ela tê-la dito e fui direto ao ponto. Acabara de contar uma história triste, mas mesmo assim estava sentindo falta daquilo. Após narrar toda sua trajetória com os respectivos sintomas emocionais e físicos, como por exemplo, uma rinite crônica, acreditei que já poderia indicar-lhe alguns caminhos. É claro, após fazer uma boa assepsia no terreno para só depois plantar as sementes.

Quando falei quais os florais que precisaria tomar, ela deu mostras de que ainda restava um pouco de vida ali e disse quase com raiva – o que adorei, achei um excelente sinal, “eu não vou comprar nada, porque estou numa situação… blá, blá, blá…” Assim, fui obrigada a assumir minha função e delicadamente perguntá-la o que estava fazendo ali na minha frente, e que não adiantava dizer que alguém (no caso a amiga) a obrigou, pois só pioraria a estória.

Assim, ela chorou com mais vontade e disse que queria ajuda, assumindo uma posição mais condizente com alguém que quer realmente se cuidar. Para resumir, resolvi utilizar os óleos essenciais, pois estes eu já tinha em mãos e não precisaria gastar nada para poder ajudá-la. Aliás, se fizesse isso, eu mesma teria que ir buscar ajuda terapêutica – acho que estou curada (ok, quase…!)

Quando uma pessoa está sem poder aquisitivo, ou seja, o poder de adquirir bens materiais, isto reflete algo que está acontecendo no interior da pessoa. Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Literalmente, ela se sentia à mercê das circunstâncias, porém ela estava assim, mas sua essência nada tinha a ver com isso, pelo contrário, pois trabalhou em uma grande empresa com um alto cargo executivo, seu casamento era aparentemente perfeito, onde se sentia muito confortável, já que o marido se acomodava a deixar-lhe resolver tudo com relação à casa, à viagens, compra e venda de imóveis, enfim, tudo era resolvido por ela, mesmo que ele não concordasse, ela batia o pé e o martelo, resolvendo tudo. Ainda assim, reclamava dele, pois o achava um banana.

Bem, após a assepsia, ela teria que sair daquele estado letárgico em que se encontrava e para isto, precisávamos aquecer suas emoções. Assim sendo, resolvi radicalizar e utilizei uma sinergia com ênfase no óleo essencial de tomilho, que tem energia quente e seca para tirar-lhe da letargia em que se encontrava. Foi uma escolha consciente,  sabia que ela não poderia utilizá-lo por muito tempo, já que seu temperamento na essência já é assim – ela estava ao contrário devido às circunstâncias. E para ajudar a sair da melancolia, coloquei umas gotinhas de gerânio que trabalha diretamente no chacra cardíaco e ajuda a respiração a fluir melhor.

Enfim, em exatamente uma semana ela já estava me telefonando para relatar que havia voltado a comer, o que não fazia direito tinha mais de um mês, estava dando uma ajeitada no curriculum, pois pretendia aceitar uma proposta de emprego a qual estava enrolando para responder há mais de quinze dias.

Bem, é claro que fomos modificando as sinergias até chegar a um ponto em que hoje, ela, já trabalhando, reassumindo seu poder pessoal, se sente bem, recuperou a autoestima e claro, devo dizer que atualmente não pode nem passar perto do aroma de tomilho, pois fica irritada. Por quê? Alguém se habilita a responder? Ah…, não vou esperar. Simplesmente porque a energia quente do tomilho é a mesma em que vibra sua essência, quente e seca, o que constituiria excesso nesse caso.

Como vocês podem ver, temos várias formas de olhar para os óleos essenciais, além de seus quimiotipos, geotipos, vibrações, propriedades, etc. A partir do momento em que ampliei meu olhar, claro, utilizando todas essas formas, mas dando um foco especial na ótica da Alquimia, abriu-se um novo mundo de possibilidades para mim e para meus clientes.

Valéria Trigueiro

Valéria Trigueiro é perfumeterapeuta com experiência na elaboração de perfumes personalizados segundo o equilíbrio dos 4 Elementos. Seu trabalho define-se como "Aromaterapia e Espiritualidade.

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