Conversando com o Pequeno Príncipe

O tempo passa, as pessoas crescem, evoluem, mudam comportamentos, porém a essência da semente de um indivíduo permanece. Isto não se pode mudar.

Se a semente for cultivada em solo fértil, com carinho e atenção, dará bons frutos e isto é incontestável.

No caso do ser humano é a mesma coisa, o solo é o meio ambiente em que orbita, porém as escolhas que faz cada um é responsabilidade unicamente do indivíduo – carinho e atenção não mais são responsabilidade do meio e sim deste  para consigo mesmo.

Pensando nisso, lembrei-me da frase do Pequeno Príncipe sobre tornarmo-nos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos. E é claro, isto é verdade, existe sim um percentual imenso de responsabilidade nossa para com nossos pares.

Entretanto, não podemos esquecer-nos do fato de que cada um é único com  bagagens de estórias vividas, experiências vistas por pontos de vista diferentes, exatamente por isto.

Com esse pensamento em mente, imaginei-me conversando com o Pequeno Príncipe e  “ele me respondeu” com outra frase daquelas que nos acompanham pela vida toda, que de certa forma, permeia o ser humano que busca algo mais do que um simples viver no plano físico, que foi aquela que diz que apenas enxergamos bem com o coração, já que nas horas graves os olhos ficam cegos.

E é este o ponto. Muitas vezes cativamos as  pessoas apenas sendo o que somos, sem nenhum propósito de seduzirmos ou ganharmos a simpatia delas, atraímos essas pessoas para a nossa vida por uma razão não aparente e algumas vezes, tendo em vista o histórico daquele indivíduo, ele se atrai não pelo que somos realmente, mas pelo que acreditam que somos, ou mesmo, gostariam que fossemos. É nesse ponto que devemos nos (des) responsabilizar pela relação estabelecida e nos responsabilizarmos como alma, no sentido de mostrarmos que aquilo que ele está vendo não é nosso e sim dele, a “boa e velha projeção”.

Isto pode ser uma qualidade – boa ou ruim – dele e não nossa. Assim, com as coisas nos seus devidos lugares, estaremos ajudando no crescimento da pessoa e tirando de cima de nós mesmos uma carga de responsabilidade por sermos algo que não somos, nos responsabilizando pelo mundo em que vivemos, que é a soma de cada individualidade sobre a Terra.

As pessoas que permanecem convivendo em nosso coração, portanto em nossas vidas, são aquelas que se atraem pela semente que somos, a despeito do solo (ou meio ambiente), são companheiros de alma, não importando o papel que estejamos desempenhando no momento, que pode ser apenas aquele que foi moldado por este mesmo solo, eles nos reconhecem, pois já conhecem a si mesmos como indivíduos, havendo cultivado a capacidade de ver além de onde a vista alcança.

Este é o ser humano que não se importa com aquilo que você  possa falar em determinado momento ou um comportamento diferente daquele que espera de você, porque sua alma sabe que “o que conduz o mundo é o espírito e não a inteligência.” A consciência disso nos dá segurança para quando nos defrontarmos com os obstáculos que eventualmente surgirem, já que é “assim que o verdadeiro homem mede a sua força.”

E desta forma, segue seus passos com fé na vida, pois sabe que “o mesmo sol que derrete a cera seca a argila.” E a escolha é sempre nossa.

Obrigada Pequeno Príncipe.

Valéria Trigueiro

Valéria Trigueiro é perfumeterapeuta com experiência na elaboração de perfumes personalizados segundo o equilíbrio dos 4 Elementos. Seu trabalho define-se como "Aromaterapia e Espiritualidade.

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