Estava um ambiente pesado. As pessoas mostravam-se visivelmente desconfortáveis umas com as outras.
Olívia era uma senhora muito fina, de família tradicional, abastada, daquelas que falam baixo o tempo todo, e mesmo em momentos limítrofes, como quando seu marido anunciou que estava deixando o lar para viver com o grande amor da vida dele, que acabara de conhecer não tinha mais de uma semana – ela alterou o tom da voz.
Reagiu com elegância, que desconfiaram até tratar-se de frieza, pois ela apenas engoliu em seco, e perguntou quando ele pretendia sair, a fim de mandar arrumar-lhe as malas.
Foi algo digno de drama cinematográfico, pois ele a ferira o mais profundamente possível, principalmente porque não se deu ao trabalho nem de discutir partilha de bens ou despedir-se dos filhos.
Saiu com a mala no mesmo dia, deixando sobre a mesa vários documentos assinados deixando tudo o que tinha em nome da mulher.
Ela pode sentir a força da determinação dele e imaginou o quanto ele desejara a separação. Sua dor maior, não soube dizer, se era pela saída do marido, pelo amor perdido, ou se seria uma espécie de inveja por desejar algo com tanta intensidade quanto ele.
O homem tinha pressa em mudar de vida. Olívia trancou-se por uma tarde inteira, pediu o jantar na biblioteca, e contou com a ajuda dos empregados para cuidarem das crianças. Seria apenas por aquela noite.
Quando estavam todos dormindo, foi ao quarto deles, beijou um por um e fez um juramento solene, como se estivessem acordados e tivessem, do alto de seus 5, 6 e 7 anos, a capacidade de entender o que ela dizia. Seriam felizes e fortes, pois seguiriam seus sonhos. Deles não abririam mão. Ela estaria presente para lembrá-los.
Pensou que teria que ser mãe e “pai substituto”. (que horror!) Neste momento, não era para menos, sentiu uma dor forte nos ombros, que não soube identificar. Ela a acompanhou durante muitos anos.
Assim ela fez, ou melhor, pensou fazer. No dia seguinte chamou seus advogados, tomou ciência de todos os bens que teria que administrar, todas as obrigações fiscais, enfim inteirou-se da Vida burocrática da família.
Os anos se passaram, ela não mais quis saber de casar-se outra vez, cuidou muito bem dos filhos, e durante toda sua vida teve muitos amigos e admiradores, mas não estabeleceu uma relação profunda ou íntima com nenhum deles.
O tempo passa e chega um dia que a própria pessoa cansa e resolve delegar responsabilidades, antes que a própria Vida o faça por ela, e certamente será em Seus termos e não nos da pessoa em questão.
Era o ano de 1970. Todos os filhos chegaram com os respectivos cônjuges e suas crianças à reunião com os advogados na hora marcada.
Todos sentados à mesa, café com biscoitos servidos, sucos de frutas para as crianças, quando o Dr David Baumsfeld de Aguiar abriu os trabalhos. Era a partilha dos bens de Olívia em vida.
Na verdade, isto foi feito em forma de doação. Quis deixar tudo organizado, pois havia chegado o momento de viajar pelo mundo, tirar férias daquela vida responsável e burocrática que levava, comunicou.
Depois de lido, após intermináveis interrupções com questionamentos de ordem financeira, instaurou-se um grande mal estar entre eles. Alguns sentiam-se lesados.
As pessoas mais alteradas eram as noras de Olívia, pois não concordavam que a filha solteira ficasse com todas as jóias da própria mãe. Desde sempre cobiçaram aquelas jóias.
Começou uma discussão com gritos, acusações e muito desrespeito. Dava para ouvir no andar de baixo da casa, onde ficavam os quartos de hóspedes.
Quando Vanda ouviu aquilo, começou a preocupar-se até que não aguentou, subiu as escadas decidida, mas lentamente, girou a maçaneta, abrindo a porta sem fazer um ruído, sem dizer palavra. Pararam – calaram-se todos.
Sabiam que quando ela intervinha, a coisa era séria. Eles a respeitavam – quase temiam – e ao mesmo tempo a amavam desde crianças.
Era aquela tia, a irmã da mãe que cuidava dos machucados, que colocava para dormir e que apaziguava os ânimos nas horas mais complicadas. Se briga entre eles havia, ela estava lá para apaziguar e esfriar os ânimos.
Ela perguntou qual a razão da gritaria. Quando ouviu que a questão era um apartamento que a filha solteira de Olívia herdaria a mais do que seus irmãos, mandou todos sentarem calados. Falou com sua voz mansa, mas firme, sua característica.
Narrou a vida de Olívia, como lutou contra a sociedade para impor respeito, pois naquela época uma mulher sozinha com três filhos “só poderia ter um defeito muito grande” – era o conceito que a sociedade partilhava. Além disso, sua presença era uma “ameaça aos felizes casais”.
Vanda lembrou episódios difíceis que passaram com as crianças pequenas, lembraram momentos felizes e soltou a bomba: “a mãe de vocês está saindo para viver a vida dela, e vocês não mais a verão, já que não pretende voltar à essa Terra. Se quiserem vê-la, terão que movimentar-se para isto.”
Todos chocados. Silêncio. Alguém perguntou a razão. Olívia que até então nada tinha dito – deu apenas um sinal para a irmã falar-, pois a emoção do momento não permitiu. Recuperou- se, e disse que era um desejo antigo e ela devia isto a si mesma.
O contacto com os filhos, na maior parte do tempo há muitos anos era feito pelo telefone, inclusive em datas festivas. Assim, os bens estavam ali dispostos e ela iria conhecer o mundo, e continuariam se falando pelo telefone, como sempre, falou séria e mansamente. Era de poucas palavras.
Começaria por um festival de rock que teria dali a uma semana. Estava feliz. Os filhos envergonhados. Não conheciam a mãe. Definitivamente não a conheciam. Haviam deixado a chance de conhecê-la para trás, talvez fosse tarde.
Excelente companhia para momentos de mudanças, para quando precisamos alquimizar nossa Vida, pensamentos e emoções, Vanda empresta a suavidade necessária, desacelerando ímpetos.
Abre o caminho para que as pessoas possam se acalmar através dos próprios pensamentos.
Ela inspira calma e não induz a calma! Permite ao indivíduo a própria autonomia, não leva os louros pelo seu estado de ânimo.
Depois de ouvirem tia Vanda todos tiveram a sensação de frescor no ambiente, as vozes mudaram de tom, os filhos se aproximaram da mãe e a reconheceram em gratidão. Combinaram ainda ali que se encontrariam todos à época do Natal onde quer que a mãe estivesse.
Olívia agradeceu à irmã, abraçando-a agradecida, sendo imitada por todos os presentes, até pelas crianças.
Vanda, sempre generosa, parabenizou a irmã pelos filhos, por toda dedicação e pela coragem de assumir quem verdadeiramente era.
Lembrou que Tempo é um deus e não se mede em anos e sim em intensidade, intenção e compromisso com o momento em que se vive – o Agora. Uma das crianças presentes perguntou: “tia Vanda, o que é o Agora, que você sempre fala?” Ela sorriu e explicou de modo que todos entendessem.
O Agora é tudo o que temos;
A matéria prima do Agora
É sutil e contém todo o Poder.
Nele está a História. É a estória de todos os “agoras” universais e individuais;
Nele é onde o milagre da Vida acontece.
Nele tudo contém e está contido,
Na fé, no amor e na humildade da consciência do Ser.
o Agora é Infinito.
É a plenitude que tanto se busca, é nele que a inteireza habita.”
Apenas as crianças e Olívia entenderam o que tia Vanda falou, o que a deixou satisfeita, pois para entender o Agora, precisamos de calma, só as crianças a tinham. Olívia a havia adquirido ao longo do vida, observando-a.
No primeiro Natal de Olívia fora do Brasil todos compareceram. Muita conversa com exposição de alma. Pessoas colocando seus corações na mesa junto com a Ceia. A admiração era geral.
Olívia livrara-se da aparência de cansaço, bem como da dor nos ombros que a acompanhara ao longo dos últimos vinte anos. Enfim ela tinha a sensação de liberdade, conseguira sentir o forte desejo de viver que invejou do ex-marido. Conseguiu com responsabilidade. Não havia mais mágoa ou apego à dor, portanto não havia o que perdoar. Ela era a expressão da liberdade que sempre sentiu ter, mas esperou o momento para exercê-la em plenitude. Dizia que aperitivos de liberdade não é liberdade.
Seus dois filhos estavam mudados, maduros e senhores de si – ninguém mais tomava decisões em seus nomes, ninguém mais se metia em seus assuntos. Tornaram-se homens bem sucedidos em todos os níveis.
A filha associou-se à alguns amigos e fundou um instituto chamado: “Detetives da Alma“. Dedicado a ajudar as pessoas com qualquer renda – ou renda nenhuma, que era o principal foco do instituto -, a responderem de pronto à pergunta: “quais os seus talentos?”
Aplicavam testes lúdicos, faziam palestras e davam incentivo e ferramentas às pessoas para procurarem dentro de si aquilo que poderiam compartilhar com outras pessoas e gerarem meios de subsistência.
O instituto acredita que todos têm seu quinhão de talento, e a doação é o que nos dá dignidade, e nos faz sentir validados no Mundo. Sua mentora, madrinha e principal colaboradora era Tia Vanda, de quem havia uma grande foto logo na entrada do prédio.
Criado a fim de preparar as crianças para um tempo que viria depois do Ano 2000, uma tão falada Nova Era, pois se viveria com aquilo que se cultivou. Os empregos seriam escassos e as idéias abundantes. Nunca teria sido tão clara a expressão: “a cada um segundo suas obras”.
Após as orações de Natal a campainha tocou e um aroma fresco e leve tomou conta do ambiente. Chegou a visita surpresa mais querida, usava um vestido floral alegre e quase discreto. Era tia LA VANDA.
Assim foi feito, assim aconteceu.
Emoção: para momentos em que se tem a sensação de que as emoções afogarão a mente e esta pode se perder em ondas de medo, pânico ou tristeza. Ela presta socorro no sentido de restabelecer o equilíbrio, a fim de nos colocar numa posição de aceitação de um tratamento mais específico;
Físico: cicatrizante, anti-inflamatório leve, contra dores reumáticas, hipotensiva;
Espiritual: ajuda reconexão com as polaridades – crianças e idosos. Trabalha no chakra coronário ajudando na intuição e inspiração de sensitivos e artistas.
No hiperlink: artigo do Oraculista/Constelador Familiar Marcelo Barroca da série: Tendências – 2017.
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