Estaria a Aromaterapia em crise?

Não. Não estou a fim de criar polêmica, tampouco falar sobre o óbvio. Chega um momento em que não há como apenas focar no seu trabalho, na sua vida e deixar as coisas rolarem.

Juro que preferiria ficar na minha, até porque tenho minha agenda, meus afazeres, e ainda que fosse apenas para ficar pensando na vida – é meu tempo, e este é presente e devemos aproveitar.

Ocorre que hoje temos novas empresas distribuidoras de óleos essenciais entrando no mercado brasileiro, e por mais que tentemos fidelizar nosso produto, sabemos que não é assim que acontece, pois os critérios para compra de qualquer produto, seja de aromaterapia, floral ou arroz e feijão, lamentavelmente passam pelo preço, pela embalagem, pela cara do revendedor, e até por fatores emocionais.

Na hora de se entrar em um novo negócio o mesmo pode ocorrer, passando, inclusive, muitas vezes pela fantasia de  alguns desavisados de ficarem ricos. Alguns estão acreditando  no marketing agressivo de uma das novas empresas que se apresentaram no setor de Aromaterapia aqui no Brasil.

Tal empresa não vende um produto, vende literalmente sonhos. Ao meu ver, vende fantasia e, acreditem, de forma cruel. Não cabe contar o que vi, pois o post ficaria imenso. Marketing de rede pior do que qualquer outro que já tenhamos visto por aqui. Chegaram querendo sentar-se na janela e ainda falar mal do produto nacional, utilizando inverdades. Além disso, subestimaram nossa inteligência e arrogantemente acenaram com uma cenourinha – no caso, estórias de ganhos de dinheiro fácil (pra quem, cara pálida?)

Detalhe: “supervisores de vendas” e palestrantes que não conhecem a maioria das propriedades dos óleos que vendem e confundem os nomes dos o.e.s! Pois é, vi isso!

Isso equivale ao sujeito que vem almoçar na sua casa e fala mal da sua comida, diz que você não sabe cozinhar e tira de dentro da bolsa uma quentinha (de qualidade duvidosa) e  tenta vender pra você!

Uma dessas empresas, ao que parece, viu que houve reação e pensou em uma carinha conhecida dos brasileiros para vender. Quem sabe daria resultados? Simpatia vende muito bem. Pessoas hoje em dia são marca, grife... e têm um marketing pessoal. Quem sabe “se vender como produto” passa a ser visto como “o cara”, deixando as pessoas cegas quanto às suas reais habilidades profissionais ou intenções.

Outra  empresa chegou ao Brasil dizendo a mesma coisa – que nossos óleos essenciais não têm qualidade, que são impuros e outros absurdos. Fato é que ambas as empresas  estão aí.

Têm revendedores simpáticos, porém o mérito sempre será do indivíduo, pois a abordagem adotada pelas empresas é agressiva  e parece pré-requisito para entrar na casa dos outros, no caso, a nossa!

Então, vamos lá, porque minha intenção não é criar polêmica, embora pareça…rsrs… Eu, pessoalmente, experimento todas as marcas de óleos essenciais presentes no mercado brasileiro e no estrangeiro algumas, quando possível.

Para falar sobre um assunto é importante conhecê-lo. Não posso falar de um produto que não conheço, como está sendo feito por aí. Experimentei sim alguns e, por favor, não acreditem no que estou falando, façam o teste vocês mesmos! São bons? Ruins? Comparativamente ou não, o que dizer? 

Ah… não entro nessa! Uso todos as marcas que têm qualidade, não devo fidelidade a nenhuma, mas claro, tenho minha preferência, e esta, certamente, é marca nacional.

Para conhecer um óleo essencial é necessário conhecer o aroma, o sabor, a textura, grau de viscosidade, grau de volatilidade, cor, efeitos no corpo físico, na emoção e no nível vibracional.

 É preciso saber suas propriedades físicas e avaliar possíveis efeitos adversos. Além disso, é necessário que se possa avaliar a temperatura – se causa calor, se refresca, amorna, e outras sutilezas, mas que são de vital importância – e isto só se consegue com a prática.

Não adianta apenas estudar e copiar receitas! É necessário considerar o histórico de quem o irá utilizar, considerar o momento de vida que o indivíduo está passando, o estado de saúde física, emocional, etc. Além disso, precisamos saber o peso, a altura, o gênero, e acredite, até a idade da pessoa é importante saber.

Temos que fazer uma anamnese profunda. Médicos fazem, aliás, deveriam continuar fazendo…, hoje não são todos que o fazem, lamentavelmente. Por que os bons médicos o fazem? Para não receitarem algo errado. Perguntam se você tem alergia, querem saber tudo da sua vida.

Por que o Aromaterapeuta deveria ser diferente se lida com o ser humano e com sua saúde em todos os níveis? Este precisa ter a atenção redobrada! Será sempre cobrado por não ser médico!

Trabalho com os o.e.s já há bastante tempo, porém meu trabalho e minha relação com a Aromaterapia deu um salto quântico depois que estudei a Alquimia.

Hoje pratico Aromaterapia Alquímica e os resultados são exponencialmente melhores. Um dos motivos é porque é pessoal, e não é praticada por atacado. Cada indivíduo é único, bem como cada momento de vida também.

É esse meu ponto. Não é necessário entrarmos em competição com ninguém, nem no caso dos revendedores, já que o que vende muito bem é a qualidade do produto, em principalmente, a qualidade do atendimento ao profissional.

Isso, se estivermos interessados em praticar uma boa Aromaterapia. Se visarmos preço e novidade, podemos nos perder no caminho. Quem vende precisa conhecer muitíssimo bem o material que vende. No balcão da loja não é o melhor lugar para aprender aromaterapia!

Administramos um grupo no Facebook chamado Aromaterapia e Espiritualidade, portanto temos algumas estorinhas para contar, mas para irmos direto ao ponto, listamos abaixo sem expor as pessoas, até porque não são poucas.

Aparecem pedidos de publicação de assuntos tais como:

  • Pessoas vendendo “óleos essenciais” com preços tão baratos quanto essências de laboratório. Quem conhece nem pensa em comprar, pois sabe que ali está alguém fazendo algo que jamais deveria. E quem não conhece? Pode ter efeitos desastrosos! Aromaterapia virou modismo, lamentavelmente. para uns é apenas “um cheirinho bom”, e lucrativo;
  • Pessoas vendendo produtos contra problemas de saúde sem citar os óleos essenciais utilizados e “feitos com amor e energizados com Reiki”; Legal, mas se é produto para ingerir ou passar na pele  é necessário que se indique o que estamos utilizando!; 
  • Pedidos de receita tem todos os dias – nos damos ao trabalho de segurar a publicação para o dia que tenhamos tempo para avisar que não funciona assim. Explicar que cada indivíduo é único, que é irresponsável dar receitas para quem não se conhece, para quem não conhecemos o histórico, etc. Claro, “uma receitinha básica não vai matar ninguém”, mas quem garante que a pessoa saberá utilizar, e que não sairá por aí indicando a torto e a direito? Isso acontece, e muito!
  • Cabe aqui uma nota: a partir de hoje publicaremos tudo o que quiserem, pois assim estaremos cumprindo uma função informativa. Afinal, vocês sabem que não nos responsabilizamos por tudo que esteja publicado nos Grupos. Só nos responsabilizamos quando tem escrito: “Indico e Recomendo”, porque conhecemos. Sim, é tudo aquilo que  tenha as assinaturas – Valéria Trigueiro e/ou Marcelo Barroca – por esses nos responsabilizamos totalmente!
  • Empresas revendedoras de o.e.s dando receitas aparentemente inocentes, mas com a utilização de o.e.s que podem causar queimadura e hipertensão – cravo, alecrim, e acreditem, até tomilho!
  • Pessoas querendo fazer curso de aromaterapia, mas que têm um critério de escolha muito interessante: “área geográfica” – precisa ser perto de seu trabalho ou de sua residência!;
  • Outras têm como critério o preço, e há ainda aquelas que vêm buscar receitas. Como aprender se não praticar? Aromaterapia não é culinária, que salvo casos de alergia, qualquer um pode comer – é só copiar a receita.

Há profissionais especializados em tratamentos para a emoção, outros são excelentes quando o assunto é vibração, há outros que mandam muito bem quando se trata de alguns problemas na saúde física. Existem aqueles que são mestres no assunto estética; há a aromaterapia espiritual, e há verdadeiros “chefs” da gastronomia com óleos essenciais, e por aí vai.

É importante que quem esteja chegando agora, procure saber o que quer da Aromaterapia, se informe sobre o profissional, peça indicações, leia seus artigos, tente conhecer com quem irá lidar e aí sim, faça a inscrição. Aprender com afinidade faz diferença!

Bem…, acredito que seja a hora de todos os proprietários de empresas de o.e.s brasileiros unirem-se pelo bem comum, principalmente o deles mesmos – não preciso dizer que concorrência saudável pode ser bom para todos. Ah…, claro, “crise” é o melhor momento para ser criativo e se reinventar, com vantagens para todos!

Não é necessário falar mal do produto nem da vida alheia! Somos adultos, não? Fale bem de você, de seu produto e dê as caras falando sobre os óleos essenciais, assim as pessoas conhecerão um pouquinho de você e outro tantinho sobre os óleos. Desta forma, poderão escolher fazer um curso, oficina ou o que seja, já com um parâmetro justo.

Não devemos acreditar que um nome fala por si – fala sim, porém no caso, quando queremos novos clientes, precisamos que novas pessoas conheçam nossos produtos, precisamos mostrá-los e mostrar-nos. Para quem não está nessa área ainda, você é o “famoso quem?”

Há mercado e não há necessidade de ensinar Aromaterapia praticando preços risíveis tanto para o mínimo quanto para o máximo. Sim… temos visto  cursos de 50,00 (podem acreditar) e de 3.000,00! Equilíbrio, cadê você?

Aromaterapia não se aprende em cursos de algumas horas, sei disso. A primeira coisa que dizemos em nossos cursos é isso. “Vocês estão aqui para iniciar algo, começar a pensar a respeito, questionar, pegar bibliografia, comprar óleos, filtrar e principalmente usar.” Ficamos à disposição por um tempo após os cursos para tirar dúvidas, pois sabemos da responsabilidade.

Outro item que as pessoas podem não gostar, mas entendem. Não damos receitas! Fazemos uma prática com os óleos essenciais e cada um deverá fazer uma sinergia para o outro como se fosse uma consulta a sério e não um curso. Damos as proporções, mas lembramos dos itens a considerar. Tudo supervisionado por dois profissionais.

Acreditamos na máxima: “ensinar a andar, mas não carregar no colo”, ou a outra versão: “Dar a vara de pescar e não dar o peixe.” Pois é, querer o peixe sem espinhas e cortadinho, com pirão, pratinho enfeitado, mesa posta, bom vinho, boa companhia e depois ainda que se lave o prato pra você é compreensível, mas não é didático! Hoje tem muito e-book, apostila e receitinhas de graça na internet. Tem supervisão? Se algo der errado, quem se responsabiliza? Os distribuidores de o.e.s? São válidos para familiarizar! Aprender requer prática!

Aromaterapia precisa, como toda terapia, de supervisão, de acompanhamento;  de afinidade; e sobretudo de relação de confiança.

Seria bom lembrar que a maioria dos profissionais de Aromaterapia já trazem na bagagem talentos outros como intuição, mediunidade, formações em psicologia, Reiki, farmácia, homeopatia, radiestesia, cromoterapia, florais, cristais e uma infinidade de horas trabalhadas, quilos de livros lidos, centenas de pessoas atendidas com sucesso, mas que para chegar a esse ponto foi necessária dedicação e responsabilidade, portanto proponho abolir a palavra “dicas” e receitas prontas do vocabulário. “Dica” para o aromaterapeuta equivale à famosa “dá uma olhadinha no meu trânsito?” para o astrólogo.

Apenas lembrando que há cursos bons, profissionais responsáveis no nosso país, e que garanto que cada vez mais melhorarão seu modo de ensinar, tendo em vista que o básico está sendo dado sem ônus.  Não sei até que ponto e-books e dicas  podem esclarecer ou confundir.

Vejo sim, muito trabalho pela frente. Ao longo dos anos tenho atendido pessoas com problemas causados pelo fenômeno “dicas”, “receitas na internet” e, espero, a chuva de e-books não venha a causar o mesmo problema, ao contrário, creio que virão a gerar curiosidade e vontade de aprender, pelo menos naqueles a quem queremos ensinar – pessoas comprometidas com o saber e responsáveis.

Chegou o momento de assumir que Aromaterapia é terapia, portanto desde a escolha do óleo essencial até o resultado dele precisa de acompanhamento e supervisão. Portanto, é hora de sermos mais pessoais com os clientes, seja ele comprador de o.e. ou cliente de consultório.

Assim sendo, acredito não na crise, mas na transição para dias melhores.

Literalmente, não existe almoço grátis, não existe saber sem “sacro ofício”!

Valéria Trigueiro

Valéria Trigueiro é perfumeterapeuta com experiência na elaboração de perfumes personalizados segundo o equilíbrio dos 4 Elementos. Seu trabalho define-se como "Aromaterapia e Espiritualidade.

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