Em uma conversa telefônica com uma amiga, depois de muito “papo cabeça”, ela comentou comigo que não consegue sair de casa sem seu mala indiano e seu perfume, que, aliás, é feito por mim. Assim, confessei também a minha pequena mania.
Não consigo sair de casa sem brincos e sem batom, seguindo a tradição familiar herdada de minha mãe, que até hoje, com 83 anos, acorda, escova os dentes, passa seu batom vermelho e só depois dá “bom dia”.
Acontece que sem perfume também não saio, só não falei naquele momento para não crescer a minha lista de manias.
É claro que não saio de casa sem antes fazer uma oração, sem dizer para onde vou, verificar batom, brincos e quanto ao perfume, este precisa estar de acordo com o meu estado de humor. Assim, pode acontecer de o perfume do dia não estar pronto, e eu ter que correr para fazer uma sinergia específica a fim de me sentir protegida.
Alguém pode estar pensando: “quanta bobagem!” Ora, cada um tem as suas e isso é fato, só não confessam publicamente como estou fazendo, e em casos mais “graves”, nem para si mesmos.
Como o momento é de “confissões”, devo dizer que outro objeto que me faz sentir protegida são os xales. Descobri que tenho uma coleção, várias cores, modelos e aromas. É verdade. Esta é a vantagem de ser perfumista. Combino as cores com os aromas.
Tenho um xale preferido, que tem o aroma de flor de lótus misturado com sândalo indiano, pois é o que uso para os dias de maior conexão com a Espiritualidade. Quando estou mais reflexiva, é ele que me acompanha.
Tenho outro que é da cor de terra, mas uma terra especial, meio alaranjada. Este tem o aroma de patchouli misturado à canela, com umas gotinhas de bergamota, ou seja, é bem alegrinho, e com ele, além da proteção, me traz um pouco de alegria também, coincidentemente ou não, por ser grande e leve, gosto de sair com ele quando vou dançar. Ele se movimenta de uma forma que parece que acompanha o ritmo da música.
E assim, vou combinando dois tipos de proteção – meus óleos essenciais com suas propriedades, as cores com suas vibrações e o xale, que por si só, já pode funcionar como um abraço, dependendo de como o usamos.
O meu xale verde, que vocês podem estar pensando que tem aroma de capim limão misturado com hortelã, por exemplo, não faz esse papel, o critério não é tão óbvio assim, mas de certa forma, tem uma coerência não raciocinada, mas intuitiva.
Como é muito grande e de um verde da cor do mar em dia de lua cheia, tem aroma de manjericão com gerânio e o uso justamente como um abraço, fazendo questão de que ele caia sobre o chacra cardíaco – exatamente dois óleos essenciais que vibram por ali.
Pensando nessas coisas passei a perguntar às pessoas à minha volta o que as faz sentir desprotegidas quando saem de casa sem estar levando consigo algum objeto. Não gostei de saber que a maioria delas se sente assim quando não estão usando relógio. Ah… o controle!
É claro que a rotina cotidiana com horários a cumprir justificaria tal comportamento, mas isso também não é óbvio, acontece com pessoas aposentadas, adolescentes, donas de casa e muitas outras que não são escravas de horários pré-estabelecidos.
Não esqueci de falar sobre a ditadura do celular, que hoje em dia andar nas ruas sem ele parece até heresia – a sensação de desproteção de novo. Essa tem até razão de ser, como o relógio para quem precisa cumprir horário.
Tenha o nome que tiver, mania, bobagem ou costume, são características peculiares individuais, que no caso, não prejudicam a ninguém e não precisam ter justificativa. Agora que já contei algumas das minhas, quero saber. E você não sai de casa sem o quê?
Lembrete: Não exagere na dependência, ok?
9 de janeiro de 2014, 23:14
AMEI,NÃO SAIO SEM BATOM E BRINCOS