Eu sou todas as flores, folhas, caules, raízes, sementes, pétalas, gravetos. Eu sou as abelhas, os leões, tigres, lobos e as serpentes, também sou. Eu sou a queda d’água e o rio que flui em direção ao mar. Eu sou as pedras do rio e as rochas montanhosas. Os fachos de luz do sol que permeiam as árvores, sou eu. A chuva que cai, o orvalho, o vento, a brisa, o fogo solar que acolhe, aquece e transforma.
Sou a terra em que moro, e dentro de mim reverberam as vozes dos homens que por aqui passaram. Guardo suas impressões, seus medos e alegrias, tenho música, gritos de terror e palavras de amor.
Conheço suas intenções desde os primórdios do mundo. Não pedem licença, não agradecem, invadem e acreditam num mundo contrário. Vivem do outro lado do espelho. Acham que somos deles, acreditam poder pisar, arrancar, derrubar, colocar nomes, mudar nossa forma.
Ah… a forma … sim. Árvores transformam-se em mesas ao redor das quais se discute os rumos do mundo. Pobres humanos! Plantas são arrancadas, transformadas em remédios que curam. Isto é verdade para alguns, quando feito com seriedade, mas sabemos que é um pouco raro no mundo dos homens. Colocam nas folhas novos nomes, estudam, tornam-se donos, colocam patentes e rótulos. Mudam a forma.
Os animais não mais temem tanto um ao outro, mas ao homem. Estes, quando não lhes escapam, também perdem a forma e tornam-se alimentos, muitas vezes úteis e bem aproveitados, e outras, matam os animais, enchem suas carnes de veneno com o discurso de que precisam ser conservados.
Enfim, estamos em alguns casos servindo à saúde, à beleza, ao abrigo, à cosmética e às vaidades. Estamos produzindo riquezas para alguns poucos.
O que o homem nem ao menos imagina é que existimos para muito além do mundo da forma. A árvore que hoje é mesa, a planta que por tantos processos passou, e hoje, pode estar correndo em suas veias em forma de remédio , e tudo o mais que produzimos, está vivo em essência.
Registramos sorrisos e esperanças. Os elementais estão dando boas vindas àqueles que chegam para nos pedir ajuda. Temos energia vital e imortal, somos em essência tudo o que sempre fomos, apenas acresceu-se à nossa vitalidade a experiência humana. Nos transformaram – mudaram nossa forma – mas nossa essência imortal é fênix, é vida, é alquimia, é transmutação – se a árvore é mesa hoje em dia, não creia que é inanimada – seu mana, sua essência ali está.
Comunicamo-nos pelo vento, pelo som, reverberamos e expandimos. O mundo natural, ao contrário do que pensam, evoluiu e evolui sem que vocês se apercebam e nada possam fazer a respeito. Sua insensatez ao destruir a Natureza, só nos torna mais adaptável, geramos novas formas de vida, novos métodos e forma de comunicação. Só nos dão atenção quando gritamos – aguardem, se insistirem, os povos, todos, poderão tornarem-se nômades no mundo, nômades de si mesmos. Haverá gritos e revoltas, mas ainda assim muito aprendizado virá também, as pessoas mais iguais entre si, mais humanas e solidárias. Adaptação é nossa arte. Talvez possam aprender mais.
Atentem, pois por amor, estou voltando. Ouço homens, mulheres e crianças, ouço música, violinos, pandeiros e risos. Ouço os cascos de cavalos, que também sou eu.
Me transmutarei em faíscas, em vento, gotas e orações, passarei por muitos lugares do planeta onde sejam capazes de sentir minha vibração, meu aroma, meu poder alquímico, que não é outro, se não o amor e a cura.
Estou voltando para o Mundo com urgência. Ele precisa de mim e eu dele. Nós somos a cura um do outro.
Eu sou o Espirito da Floresta.
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