“Sim!” ela disse. A menina com seus belos olhos cor de mar noturno, sorriu e disse: “Agora vá e só olhes para a frente – quem olha para a frente, aprende o caminho e não tropeça. Só olhe para os lados para conhecer o seu próximo. E para trás, se olhares, verás que é apenas a história que fez de ti quem é naquele momento. Portanto, siga seu Caminho em Amor, confiança e fé. Saiba que o Amor, tem várias feições. Não o julgues.”
Assim, a baronesa voltou para casa junto com sua mucama, que, de longe, acompanhava tudo em oração. Minha mãe antes de recolher-se, levou a baronesa ao seu quarto e entregou-lhe três ervas frescas – ela mesma deveria fazer o chá antes do amanhecer – dentro dele colocaria uma pedra, aquela que a respondeu quando perguntou o que poderia fazer pela baronesa. Ensinou-lhe umas palavras a serem ditas ao colocar as ervas em infusão.
“Colhidas da terra, entregam em amor a essência de vida na água, entram em ebulição com a ajuda do fogo e do ar. Através do vapor, doam seus sabores e aromas que tomam conta do ar. Agradeço, aceito e vos honro.” A parte que os olhos humanos creem ser o bagaço, transforma-se em cinzas que aos ares levam meus pedidos de bênçãos;
“Honro o que aprendi e peço ser mãe, não pelo Barão, não por mim, mas pelo privilégio de ser matriz no Universo -, poder doar amor sem medo. Assim, creio, assim é. E se a maternidade não me for possível, que eu saiba criar com amor algo de bom para mim e para o mundo.”
Foi em quietude até o caramanchão, bebeu cada gole daquele chá mágico em oração. Voltou ao quarto, deitou-se ao lado do Barão e dormiu. Quando acordou, acreditou haver sonhado tudo aquilo. O Barão acordou contando que sonhou com três mulheres que o ensinaram que sagrada é qualquer forma de Vida. “Me disseram que você é Amor e através de você conhecerei um amor maior”, disse à Irène.
Nove meses depois nascia uma bela menina de olhos cor de mar noturno, à qual deram o nome de
Damiana por sugestão de minha mãe – ela sabia a razão, pois damiana era uma das ervas utilizadas no chá que a Baronesa tomou. A outra, sei dizer que foram apenas três pétalas de sempre viva (por suas propriedades energéticas) e a terceira, a erva-doce.
A partir do nascimento de Damiana, minha mãe tornou-se uma espécie de conselheira com um status bastante importante na Corte – ela interpretava sonhos, lia as estrelas, recebia conselhos das pedras e das ervas, repassando-os de forma lúdica para quem precisasse.
A Baronesa, tão logo Damiana completou sete anos de idade, passou a pintar quadros belíssimos, tornou-se famosa por seus talentos, e a prosperidade tomou seu lugar naquela casa. As dívidas foram pagas, o Barão não mais apostou em jogos, e minha mãe e a Baronesa passaram a ajudar a todos que precisassem, fossem escravos ou senhores, com suas ervas, suas estórias e seu amor.
A escravidão ali deixou de existir por imposição das mulheres e concordância do Barão, que passou a ser uma pessoa muito melhor desde o nascimento da filha. Esta também tinha um dom – conhecia as intenções e o temperamento da pessoas só de olhar dentro dos olhos delas. Adivinhava o que as pessoas iriam falar antes que estas abrissem a boca. Neste momento Luciana Isabel emocionou-se, não sabia a razão.
Tão logo “Tio Artú” terminou de contar a estória, Luciana quis entrar na casa dele, pedindo que ele abrisse um baú que ela ainda não havia notado existir ali, queria ver fotos antigas. Ele mostrou um caderno onde se podia ver o desenho de várias ervas, – Luciana foi identificando uma a uma, sem saber como fazia aquilo, já que não conhecia plantas até então – tudo para ela era muito novo. Quando deu-se conta do que havia feito, emocionou-se mais uma vez.

Artur então disse que aquelas mulheres poderiam sim ser a Baronesa, sua mãe e Damiana, pois os mistérios da Vida à Ela pertencem, porém não deveria tentar fazer inferências sobre tais mistérios. Com o Sagrado não se deve mexer, apenas respeitar. Tudo se esclareceria a seu tempo.
No dia seguinte, ao voltar à escola, Luciana não mais encontrou a casa, não mais viu “Tio Artú”, e não havia aquela parte da escola, nem vestígios dela. Perguntou a outras crianças e aos adultos – ninguém soube dizer.
Ouviu dentro da sua mente as seguintes palavras: “Agora vá e olhes para a frente, desenhe o seu Caminho, olhe para os lados e conheça o seu próximo. E para trás, se olhares, verás que é apenas a história que fez de você quem é, portanto, faça da sua Vida um trabalho de Amor, confiança e fé. Saiba que o Amor, tem várias feições. Não o julgues.” Seguiu-se a voz de sua madrinha dizendo: “só se deve dar o que for pedido, pois a necessidade ensina o bom uso; e só se deve falar o que for perguntado, pois os questionamentos levam à reflexão, e esta à sabedoria…”
Faltou dizer que os chás foram usados durante 28 dias – cada um por uma semana, respeitando horários específicos. Ela curou-se da estagnação das energias, perdoou-se por haver querido ter um filho pelas razões erradas. Apesar de as propriedades físicas serem usadas, com esse mesmo propósito. Obteve sucesso no tratamento por todos os motivos – as propriedades físicas das ervas ajudaram, as propriedades energéticas foram de vital importância, o que propiciou suas emoções equilibrarem-se, levando à um comportamento e sentimentos mais saudáveis e conscientes.
Nota: Jamais substitua consultas com profissionais. Receitas de Internet não irão resolver e podem ser danosas em determinados casos. Considere todos os aspectos de uma situação antes de fazer uso de qualquer substância.
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