Antonio era um menino medroso. Tinha medo dos garotos mais velhos, tinha medo de cachorro, de gato e de grito.
Sua mãe era daquelas mulheres muito atrevidas, que se orgulhava de não levar desaforo para casa. Pensando que estava educando, ensinando e dando o melhor exemplo que poderia, chamava atenção do filho e dizia tudo o que, como e onde ele deveria fazer.

 Quando adulto, Antonio passou a ter problemas para decidir as coisas – pouco falava com o pai, pois achava-o fraco – pelo menos era isso que ouvia desde criança, e de fato, a atitude introvertida dele contribuía para que o menino, hoje adulto, assim pensasse. Já a mãe, por seu lado, perguntava tudo sobre sua vida e dizia como ele deveria agir. Respondia no lugar dele, decidia antes que ele pudesse pensar.

Ela parecia ter pressa de falar, de resolver, de viver. E quando tudo estava resolvido, ela sentia estar em um buraco. Precisava ter pressa. Não podia ficar naquele buraco. A vida dos filhos era sua ocupação. Ela tinha três, mas Antonio, foi “sorteado”, era “o preferido”. Que sina! Ou quem sabe, “que sorte”? Vejamos.

Ele amava tanto a mãe, que creditava esse comportamento ao amor que ela o dedicava, e não via o quanto isto era prejudicial a ambos, e aos irmãos. Ao contrário, estava certo de que este amor o protegia e que ele precisava disso.

Na verdade, pensava: “para que ter pressa se sua mãe tinha toda a pressa do mundo? Para quê agir, se sua mãe agia por ele?” Chegou a um ponto que nem sequer pensava mais nisso. Era assim e pronto.

Antonio se apaixonou, mas só conseguiu namorar sua mulher depois que esta tomou a iniciativa. Deu tudo certo, pelo menos aparentemente. Ela sabia o que queria, onde queria e como queria… É…  Aparentemente  respeitava aquele homem tímido, porém gentil. Medroso?  Ela nem se importava com isso, ele tinha tantas qualidades…!

Ele não conseguia parar em nenhum emprego, apesar de sua grande capacidade. Faltava-lhe iniciativa.  Havia estudado, era inteligente, mas não conhecia sua própria sagacidade, tampouco seus talentos.

A mulher achava a sogra boa pessoa, mas sabia que se ela permitisse, a sogra mandaria até na casa dela. Assim, muito amorosamente propôs que mudassem para outra cidade, onde começariam um negócio próprio.  Ela largaria o emprego, no qual ganhava muito bem e era admirada, e com o dinheiro que tinha investido, somado ao da indenização que receberia pela demissão, seriam independentes.

Ela pediu que Antonio não falasse nada com ninguém, principalmente com a mãe – essa parte da mãe ficou subentendida.  Fez com que prometesse. Que sacrifício ela o pedira…! Ele ficou tão confuso, se sentindo um traidor, tendo passado noites sem dormir.

Além disso, ela deixou por conta de Antonio a decisão do tipo de negócio que teriam. Ela faria o que ele decidisse.  Tinha tudo planejado, conhecia as qualidades e limitações dele.

Antonio passou a ter palpitações, angústia e ansiedade. Da cama quase não saía. Martha, a namorada, incentivou-o a procurar uma terapia. Ele era contra,  sua mãe é que pensava assim e ele herdou a crença- mas não se dava conta de nada disso.

A dor era maior e acabou por procurar algo alternativo. Pelo menos seria algo que “todos comentavam a eficácia”, e sem precisar de uma dedicação maior à terapia. Que medo essa palavra lhe causava…!

Procurou uma astróloga incentivado pela namorada. Mapa na mão, ponderações na cabeça, depois de uma longa conversa com a terapeuta (holística) ouviu que seu pai era uma grande pessoa, seu maior, mas desvalorizado no trabalho e em casa. Não era ouvido nem levado a sério. Um pai envolvido em sua própria dor.

Foi recomendado que fizesse uma Constelação Familiar. Ele fez e teve grandes resultados.

Passado quase um mês, ele estava fazendo os exercícios de constelação propostos, utilizava sinergias com óleos essenciais formuladas para dar um suporte a todo o processo, quando teve um sonho bastante significativo que iria modificar em muito sua vida:

– Um menino de seus 8 anos aproximadamente, vestido com as roupas que Antonio havia usado no dia anterior, conversava com um ancião. Era um homem muito parecido com seu pai. O menino perguntava para ele:

“O que é ser um bom pai, você sabe?” O ancião respondia:

Um pai é aquele que sabe o seu lugar de amizade, ensino e amor. E acima de tudo, que se torna grande ao continuar em seu filho, o respeito pela própria vida.”;

“Um pai que não desestimula, mas apoia, está ensinando autoconfiança”;

 “Um pai que não julga, mas ao contrário, presta e dá atenção ao filho, ensina autoconhecimento”;

 “Cumpre promessas e obrigações, ensina compromisso e responsabilidade”;

 “Cuida da própria saúde, evita vícios e exageros, demonstra gratidão à vida.”

 “Sabe dizer eu te amo mesmo que para isto não precise emitir um som vocálico.  Seu olhar e suas atitudes são mais eloquentes”.

O menino pergunta ao homem porque seu pai era um homem tão fraco e pouco amor demonstrava. O ancião devolve-lhe a pergunta: “O que é um bom filho?”

Antonio acordou neste momento do sonho. Passou o dia sob o efeito dele. Telefonou para o Constelador e Astróloga e marcaram uma sessão todos juntos.

Após os cumprimentos de praxe, e uma xícara de chá de camomila com louro, Antonio foi incentivado a falar.

Assim, junto com seu mapa natal, ele falou da leitura da Árvore da Vida e seu maior desafio na Vida. Lembrou da sua sessão de constelação e contou o sonho com riqueza de detalhes.

Na narrativa Antonio se dá conta de vários detalhes sem que haja necessidade de intervenção de seus interlocutores. Ao ouvir-se falar, pode perceber que sempre julgara e sentenciara o pai com o martelo de sua mãe.

Não havia percebido que essa mãe tentou suprir um pai, tirando-o de seu lugar como pai e grande. Ela agindo por amor, não notara que cada um ocupa e exerce seu lugar, sem substituições ou compensações.

Ao final da narrativa, cada um dos terapeutas fez-lhe uma pergunta, mas que deveriam ser respondidas para si mesmo, e por escrito.

Passaram-se 14 dias quando resolveu visitar seu pai. Coisa que não fazia há muito tempo.

Ele pediu perdão por não o ter visto como um pai preso em sua dor, e isto pressupunha uma série de atributos e obrigações, deixando de considerá-lo um indivíduo com uma história, que se não justificava, ao menos explicava muita coisa.  Afirmou haver errado com o pai, quando deixou de honrá-lo.

Antonio repetiu as palavras que ouvira em seu sonho. “Pai, a distância entre o certo e o errado é determinada por escolhas e nem sempre sabemos fazê-las. Estamos aqui para aprender a fazer isto. Só assim evoluímos. Entretanto, certo e errado não existem aqui, pois cada um faz aquilo que aguenta, que entende e que consegue fazer naquele momento.”

O pai falou que poderia ter proporcionado melhores condições aos filhos, e contou toda a sua trajetória de vida, com episódios nos quais o medo seria mais do que compreensível. Isto os aproximou humanamente de forma muito saudável para ambos.

Antonio respondeu:

Você fez o melhor e o mais importante – me deu a vida, me deu a mãe e os irmãos que eu precisava para tornar-me forte – demorei, mas consegui perceber isto – Minha mãe também fez o que aguentou e pode fazer.  Hoje me sinto livre, pois meus pais são humanos, e se houve “erros”, erros não foram, e sim circunstâncias.”

 “Vocês me deram a vida, mas o que farei com ela é de minha inteira responsabilidade.  Vocês são agentes de minha evolução. Grato pela vida, pelo amor que consigo sentir e honro sua trajetória”.

Antonio imediatamente sabia o que dizer: “eu te amo e aceito como você é, e isto é perfeito para mim.”

Voltou para casa leve, em paz com a Vida e chamou a namorada, desfazendo os planos de viagem e o relacionamento.

No dia seguinte Antonio iria em busca de novas soluções profissionais, todas  tomadas por ele mesmo, inspiradas em seu Mapa Natal, pois tão logo ouviu a Astróloga falar sobre si mesmo no setor da Carreira e Propósito de Vida, reconheceu-se. Parecia que ela estava traduzindo sua alma.

Ora, e estava mesmo! E isto também fez grande diferença para que Antonio encontrasse o Caminho do Meio – sempre esteve lá, no centro de seu peito – seu coração. 

Quais foram as perguntas feitas pelos terapeutas?

Por que ele desfez o relacionamento com a namorada?

Óleo Essencial: Tomilho (Thymus vulgaris) 

Físico: para casos de convalescência ; candidíase,micose, hepatoprotetor, mucolítico; antiviral;

Emocional: disposição para olhar para a sombra, conhecê-la, agradecê-la, e caminhar em direção à própria força geradora de luz. Reconciliar-se com o velho, seguir a própria estrada aberta com seus passos. Gratidão ao  chumbo que fui. Já  posso abraçar meu próprio ouro. Assumo a responsabilidade pela minha Vida.

Energético: disposição para viver, assumir  os riscos de ser quem se é  a verdade”. Poder sobre si mesmo. Contra medo de assumir-se. Em casos de pânico, quando a pessoa “trava”.

Elemento: Fogo – calcina o velho e forja novas armas para abrir picadas na nova estrada. Recomeços.

Atenção: Consulte um Aromaterapeuta – Não use em caso de hipertensão arterial, gravidez. Não recomenda-se usar na pele  – trata- se de um óleo muito quente, podendo causar irritação ou mesmo queimadura. Use sob supervisão profissional.

 

Foto 1 – Brooke Winters -Unsplash

Foto 2 – Brooke Lark – Unsplash

Foto 3 -Domínio Público – Irmãos Limbourg

Valéria Trigueiro

Valéria Trigueiro é perfumeterapeuta com experiência na elaboração de perfumes personalizados segundo o equilíbrio dos 4 Elementos. Seu trabalho define-se como "Aromaterapia e Espiritualidade.

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