Já falamos algumas vezes sobre a História do Perfume e pudemos ter acesso a várias versões e abordagens dessa história. Entretanto, pensando sobre o assunto, chegamos à conclusão que essa começa desde o primeiro momento em que o homem colocou seus pés na Terra. Os perfumes estão diretamente ligados aos elementos, e é a partir deles que vamos encontrar os primeiros aromas sob a face da Terra.
Consideremos o homem primitivo com suas ferramentas em busca de alimento, naquela época ele ainda não andava sobre os dois pés, precisando daquela curvatura característica para poder estar com o nariz próximo ao solo a fim de farejar alimentos e vestígios de outros animais.
O sistema de autopreservação da espécie em perfeito funcionamento ao nosso favor, a fim de que chegássemos até aqui e até onde ainda chegaremos.
O aroma que recende da terra após a chuva era um perfeito perfume, pois sabiam instintivamente, que dali resultaria numa maior fertilização da terra.
Quando faziam suas fogueiras não só para se aquecerem, mas para espantar os animais selvagens, o aroma proveniente das madeiras provavelmente trazia maior conforto aos seus espíritos, pois além de diferente a cada tipo de árvore queimada, a fumaça subindo aos céus certamente deveria ter uma certa magia para o homem primitivo. E tal costume se perpetuou até os dias de hoje, quando ainda não só no oriente, como aqui no ocidente, acendemos incensos aromáticos para fins religiosos.
Os povos da Mesopotâmia, mais particularmente o povo sumério, muito contribuiu para a história através de seus registros em placas de argila referenciando algumas receitas cosméticas, como de pomadas e perfumes.
As culturas se intercomunicam e expandem à medida que ocorre o mesmo com o comércio. Desta forma, chegamos ao Egito.
No Antigo Egito vamos encontrar um povo bastante estruturado nos sentidos religioso e profano. De certa forma, ambos eram sagrados, e prova disso era o uso de perfumes que permeavam as cerimônias quer fossem fúnebres, para honra dos deuses, ou festivas. Existiam verdadeiros laboratórios dentro dos templos, onde os próprios sacerdotes preparavam cosméticos, perfumes e incensos que eram usados em tais cerimônias.
Nas paredes de um templo erigido em homenagem ao deus Horus na cidade de Edfu no Egito, ainda se pode encontrar inscrições em hieróglifos de fórmulas completas de pomadas utilizadas à época para unção das estátuas dos deuses e receitas de perfumes usados pelo faraó em suas visitas ao templo. Quando este saía em procissão, era seguido por seu séquito, o qual era composto de seus súditos, incluindo mulheres que carregavam incensários nas mãos a fim de perfumar todo o caminho percorrido pelo faraó de uma cidade à outra.
Na Grécia os perfumes não eram apenas para honrar deuses e agradar pessoas, tinham também a função de agradar os heróis míticos, e eram tidos como de origem divina, o que acreditamos não estarem de todo equivocados. Podemos encontrar na mitologia algumas estórias sobre deuses e perfumes.
Conta-se que a princípio só havia a rosa branca e esta não tinha aroma algum, até o dia em que a deusa Vênus espetou seu dedo em um espinho e pintou com seu sangue um botão de rosa. O botão se coloriu imediatamente tornando-se tão bonito que Cupido ao olhar para aquela beleza ficou fascinado, dando um beijo no botão de rosa. A partir daquele momento surgiu o aroma da rosa vermelha que hoje conhecemos.
Outra lenda sobre Vênus é sobre ela ter sido perseguida por sátiros, precisando correr para esconder-se atrás de arbustos de murta, livrando-se assim deles. Em gratidão, presenteou essa planta com o aroma inconfundível que emana.
Há registros de que a origem dos perfumes na Grécia deva ser creditada ao fato de comerciantes de Creta e da Síria terem levado seus perfumes para serem comercializados nos mercados públicos daquela cidade. Através da observação não tardaram a aprender como fazê-los e passaram a importar as essências utilizadas como matéria prima para fabricar seus próprios perfumes, utilizando-os com tal exagero, que a despesa com a importação de tais essências chamou a atenção dos sábios, que providenciaram a proibição do comércio. Como não fica difícil de imaginar, tal restrição não vigorou por muito tempo.
Além disso, uma grande contribuição da Grécia à história dos perfumes está no fato de dominarem a arte em cerâmica, moldando frascos para perfumes com desenhos de cenas mitológicas e motivos geométricos coloridos.
Diógenes – o Cínico, aquele que vivia em um barril e perambulava pelas ruas com uma lanterna alegando estar procurando um homem honesto, gostava de perfumar seus pés, alegando que se os perfumasse, o aroma chegaria ao seu nariz, enquanto que se perfumasse a cabeça apenas os pássaros sentiriam o aroma.
A arte da aromatização de ambientes vem de longe, e um bom exemplo disso foi na Roma Antiga, onde se cultivava o hábito de aspergir perfumes nos palácios, teatros, nas roupas e até em cavalos. Também a exemplo da Grécia, usavam perfumes em celebrações, cerimônias religiosas e funerais.
Conta-se que o Imperador Nero fazia chover pétalas de flores do teto em seus banquetes e soltava pombas com as asas perfumadas no salão, a fim de criar uma atmosfera agradável aos seus convidados.
Pelo que podemos ver, a unanimidade dos aromas atinge até aqueles que são capazes de tocar fogo numa cidade. E muito mais temos a compartilhar sobre o assunto, seja dando continuidade a essa História, seja com sugestões e curiosidades. Fique ligado.
Publicado em www.portaldasjoias.com.br em 04.08.2010
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