Perfumes e contos de fadas – qual a relação?

 

Tenho recebido algumas mensagens querendo saber porque escrevo sobre contos de fadas e qual a relação  deles com os perfumes que criamos.

Bom questionamento. Agradeço a todos que me escreveram por fazê-lo. Mais uma oportunidade de falar sobre o que me move. Perfumes, arquétipos, pessoas, bem-estar…

Primeiramente, acredito que facilitará se eu explicar o que é um arquétipo: é um modelo através do qual podemos exemplificar um comportamento, um exemplo típico de algo ou alguém.

Já pude reparar que de acordo com a profissão da pessoa, ela carrega secretamente uma mania – meu dentista, por exemplo, tem o hábito não só de reparar os dentes das pessoas, é ate normal, mas ele nota a arcada dentária, imagina que tipo de dentes ficaria melhor naquela pessoa.

Fica imaginando o que ele faria se fosse cliente dele para deixar a pessoa com um sorriso invejável. É uma forma que ele usa para se distrair.

Não é só ele. Conversando com amigas donas de salão de beleza, descubro que fatalmente todas têm um hábito em comum – imaginar as pessoas com quem se deparam na rua, no banco, no avião, seja lá onde for, com cabelos diferentes dos que usam.

Estão ali sentadas conversando  e de repente algo as distrai. Vem a pergunta: “o que tanto você olha naquela direção?” Pronto! Você a partir deste momento faz parte da brincadeira – passa também a imaginar a pessoa com outra cor de cabelo, outro corte, etc.

Isso também ocorre com pessoas que lidam com moda. Trocam a sua roupa facilmente na imaginação delas – encurtam um vestido, aprofundam o decote, mudam a cor de tudo. Isso quando não “descobrem” seu novo estilo baseado no comportamento.

Ah… não acreditam? Perguntem só para ver.  Então, eu confesso. Não sou diferente. Vejo um filme e logo imagino o perfume dos personagens.

Hoje mesmo fiz o perfume de duas personagens de um seriado que estou assistindo – Grace & Frankie, na Netflix.

A coisa é tão séria que outro dia acordei com uma fórmula na cabeça e sabia que era o perfume da Grace. Hoje foi a vez da Frankie, e bingo! Adorei.

Diversão e estudo espontâneo ao mesmo tempo. Por que isso? Elas são arquétipos, modelos de mulheres mais velhas em uma experiência de vida semelhante, mas cada uma com uma história como base de sustentação e personalidades totalmente diferentes, mas complementares.

Já fizemos perfumes para as personagens do seriado “Friends”, lembram? E das meninas de “Sex & the City”. Tudo diversão e estudo. Nos renderam excelentes aromas!

Já fizemos o perfume da Dorothy“O Mágico de Oz“; da Princesa Léia; da Gilda (“nunca houve mulher como Gilda” – personagem de Rita Hayworth); da Francesca do filme “As Pontes de Madison”; da personagem do filme Blue Jasmine do Woody Allen, e até do Dom Quixote já fizemos e eu usei. Tenho meu lado quixotesco…

O melhor de tudo é que tenho parceria, e se a princípio pode lhe parecer estranho o que vou contar, para nossos clientes e amigos já não é. Eles sabem que meu sócio e eu geralmente temos as fórmulas quase iguais.

E como fazemos como estudo, um não conta para o outro – trocamos por escrito ao mesmo tempo – muitas vezes a diferença é apenas nas quantidades de gotas. Isso é incrível?! Não. Apenas é assim.

Quando conheço alguém pessoalmente já é diferente. Pelo aroma que a pessoa exala – o cheiro por detrás do perfume – e seu comportamento me dão pistas incríveis, que mais tarde geralmente se confirmam.

Quando é cliente, posso até ter intuições, observações, ideias, mas só pegarei meus óleos essenciais, tinturas, hidrolatos, ervas e tudo mais após consultar os elementos em seu mapa natal, entrevistar a pessoa e só então, o material conversará entre si, compondo uma história olfativa única.

Nesse momento deixo palpites e exercícios de lado, e fala a técnica, a experiência, e claro, a intuição. Tudo dentro de um mesmo frasco a serviço do bem estar de quem quiser ou precisar.

E os contos de fadas onde ficam? Eles falam por si. Ao contatar com um conto, uma lenda ou mito, uma luzinha dentro de nós se acende. Ninguém fica ileso a ela.

E é exatamente essa luz que nos dirá aquilo que precisamos. Como? Ao se identificar, ou ao contrário, detestar um personagem, descobrimos qual arquétipo precisa ser visto e cuidado.

Cada um conta uma estória, que pode ser a sua. Momento do sagrado, do silêncio, da história pessoal que virá para transformar-se em saúde, aceitação e amor por si mesmo.

Está pronto o perfume que você usará no corpo, mas que na verdade é para a sua alma.

Está dado o início em um novo capítulo de uma história da qual você é o personagem principal.

Valéria Trigueiro

Valéria Trigueiro é perfumeterapeuta com experiência na elaboração de perfumes personalizados segundo o equilíbrio dos 4 Elementos. Seu trabalho define-se como "Aromaterapia e Espiritualidade.

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