Perfumeterapia e Espiritualidade

Voltando um pouco no tempo, modo de dizer, claro, porque iremos à época em que Jesus Cristo ainda vivia por aqui na Terra. Conta-se que Ele, ainda criança, gostava de “brincar de adivinhar” o que as pessoas haviam comido. Na verdade, não era brincadeira, tampouco adivinhação. Ele sentia o cheiro nas pessoas dos alimentos que elas haviam comido em suas casas, em cada item, cada detalhe.

Isto poderia causar constrangimentos sérios, já que os hebreus tinham restrições alimentares, havendo alimentos proibidos, como crustáceos, carne de porco e outros. Não era intenção de Jesus deixar as pessoas embaraçadas, era mesmo brincadeira de um menino, digamos assim, especial.

Até porque devemos lembrar que Ele não curtia muito esse negócio de proibir alimentos, isto é coisa do Velho Testamento, tanto assim que no Novo, Ele mesmo disse que não há nada fora do homem que o pudesse contaminar, mas sim o que sai dele, numa provável referência ao tipo de pensamentos e sentimentos que pudessem ser produzidos por ele, com resultados em seu comportamento e palavras, envenenando a própria vida.

De qualquer forma, existem as bênçãos e a ação de graças. Este é um ponto de união entre Velho e Novo Testamento, nesse sentido. E o nosso assunto de hoje.

Existe uma palavra para isso que é Berakath, assim definida:

“A berakah é a dinâmica da espiritualidade do Antigo e do Novo Testamento. Ela consiste em uma atitude de admiração, agradecimento e louvor da benevolência de Deus que cuida sempre de todas as suas criaturas. A palavra é traduzida no grego cristão como “eucharistia” e “eulogia”. No latim, como “benedictio” e “gratiarum actio”, e no português como “bênção” e “ação de graças”.

A sua formulação pode ser de forma passiva: “Sede bendito Senhor nosso Deus…”; ou de forma ativa: “Eu vos bendigo Senhor nosso Deus…”. (Bíblia Sagrada)

Um exemplo da prática da Berakath é a oração antes das refeições, outro é quando Jesus multiplica os pães e os peixes, quando segundo consta, ele teria praticado a benção e a gratidão por aqueles alimentos. O primeiro milagre de Jesus – a transformação de água em vinho, deu início a essa prática. Veja foto abaixo.

Pois é, pelo que eu sei, a Berakath guarda a sabedoria da Torá, mas originariamente de forma oral. Bem, não entendo bem do assunto, escrevo o que sei e faço questão de não pesquisar, pois se o fizesse, perderia a espontaneidade do texto, ok?

Na Berakath consta que todo aroma agradável deve ser abençoado. Isto seria uma obrigação, pois todos os seres deverão louvar a Deus por aquilo que lhes faz bem ou causa prazer. E continuam explicando que o único sentido que se conecta à alma humana é o olfato, através do prazer produzido pelo aroma agradável ao indivíduo.

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As Bodas de Canah

Resumindo, o aroma é o prazer da alma e o alimento é o prazer do corpo.

Outro exemplo do alcance e da conexão dos aromas com a espiritualidade é a estória ou (história) de que Salomão “ouvia” as formigas avisarem umas às outras que seu exército estava passando.

Quando o perguntavam como ele conseguia ouvir, ele explicava que na realidade não ouvia,  e sim sentia o cheiro que elas exalavam pelo instinto de preservação, ou medo – a linguagem química – a dos feromônios

 Conto tudo isso para que você pense junto comigo e entenda a razão porque falamos “A Sacralização do Perfume”. Não é invenção nossa, tem fundamento, apesar de  havermos começado  esse trabalho por sentirmos assim, de forma intuitiva. Como se vê,  está no Inconsciente Coletivo, de onde veio nossa inspiração.

Abençoar as plantas, os alimentos, o pão, o vinho e o perfume têm o mesmo princípio. Todos alimentam o corpo e o perfume a alma. Existe uma explicação que faz perfeito sentido para mim.

Através de 4 sentidos, tato, visão, audição e paladar, podemos ter prazer no corpo físico, mas através do olfato o prazer é exclusivo da alma. Alguns textos religiosos afirmam que  mal algum pode ser feito ao sentir-se um aroma, ainda que seja ruim, pois nosso sistema de autopreservação nos protege, afastando-nos da fonte de tal cheiro. Segundo algumas religiões, o olfato é o único sentido através do qual não se “comete pecado.”*

Por essas razões, nossos perfumes naturais contêm uma benção especial para o fim a que se destina, vêm com um mantra para ser utilizado a fim de potencializar os benefícios que trarão à alma do indivíduo que o irá usar.

As consultas são personalizadas, portanto seus resultados idem, este será único, só cabendo àquela pessoa. Por esta razão nosso foco de trabalho é a alma humana e suas emoções.

*fizemos uso da palavra “pecado” no contexto do assunto, porém não lidamos com esse conceito no nosso dia a dia.

Valéria Trigueiro

Valéria Trigueiro é perfumeterapeuta com experiência na elaboração de perfumes personalizados segundo o equilíbrio dos 4 Elementos. Seu trabalho define-se como "Aromaterapia e Espiritualidade.

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