Hoje contarei para vocês quem foi, aliás, quem é Phylira, já que mitos são eternos.
Tudo o que sabemos advém do tempo em que estamos e do espaço que ocupamos naquele momento. E antes? E depois? As coisas aconteceram e continuarão acontecendo ad infinitum, e por isso a Mitologia tem várias versões. Nenhuma certa, nenhuma errada. Apenas tempo e espaço diferentes.
Assim, falamos de Kronos e Réia. Existe uma versão, a qual gosto mais, de que Kronos era casado com Réia, mas seus instintos não o deixavam em paz e quando ele via uma mulher bonita, sossego não tinha enquanto não a tivesse em seus braços. Minha versão romântica, ok?
Assim, um dia ele deu de cara com uma oceanide, por quem ficou fascinado. O nome dela era Phylira. Alguns contam que ela, como ele também, era capaz de mudar a forma de seu corpo no momento que quisesse. Mas nesse caso nem deu tempo, pois Kronos quando a viu, foi correndo pra cima dela, e quando estavam lá no maior lance, Réia sua mulher, aparece, o que o faz mais do que imediatamente transformar-se em um belo cavalo.
O resultado disso foi que alguns meses depois nasceu o filho dessa relação, que para horror de Philyra, o moleque nasceu com a metade superior do corpo de homem e a metade inferior em forma de cavalo. Foi um Deus no acuda e Kronos então, com pena da bela ninfa a transformou em uma árvore de tília.
O melhor da estória é que esse menino era um Centauro, que recebeu o nome de Kiron. Ele veio a tornar-se um grande médico, pois sem querer, foi ferido na perna por seu amigo Hércules quando este executava o seu segundo trabalho.
Estava ele a lutar com a Hidra de Lerna e uma das flechas envenenadas com o sangue do monstro veio a atingir Kiron. Como ele era filho de um deus imortal, não morreu, mas tampouco se curou.
Isto rendeu-lhe um sofrimento atroz por muito tempo, pois ele curava a todos, mas a si mesmo era impossível.
Ah… tá…! A estória é sobre Phylira e não sobre Kiron, vocês devem estar pensando, né? É que eu amo Kiron e ela é mãe dele. Suas estórias se misturam, claro, e se encontram num ponto bem legal. Vem comigo!
Kiron hoje em dia – para você ver como existe o Infinito – é conhecido como “O Curador Ferido” e sua energia é tão poderosa que mesmo tendo acontecido o que aconteceu, sua influência persiste até hoje e com uma força incrível! Bem o sabem os astrólogos! O que aconteceu? Calma… estou contando ainda…
Ele tornou-se o médico da parada, conseguia curar a todos e ainda ensinava. Diz-se que por ter ficado sem sua mãe, que virou árvore, e seu pai se fez de estátua, não teve problema algum quanto a isso, porque foi criado por nem mais nem menos do que o representante do Sol – o deus Apolo, que o ensinou arte, profecia, ética, poesia, as artes divinatórias e medicina.
Ele era tão bom nisso que ensinou medicina pra tanta gente boa, que até Esculápio, deus da medicina aprendeu com ele!
Sua mãe biológica havia tornado-se uma árvore de tília e continuou sem que se soubesse como, a velar por seu menino. Imaginem, ele sendo criado por Apolo e com uma mãe árvore.
Não era qualquer árvore, era uma do tipo polinizadora, ou seja, suas flores recebem as abelhas, que por sua vez levam suas propriedades para outras flores e plantas. Além disso, carregam sementes, fazendo com que a espécie se perpetue.
É uma árvore considerada sagrada, ficando conhecida por curar a quem a tocasse. Além disso, suas flores, com as quais se preparam chás, são tão poderosas que em caso de sentimentos desagradáveis sem razão aparente uma dose do chá é recomendável já que “o chá de tília, agradável e inofensivo, serve nos momentos em que o sentimento ordena aplicar um remédio, sem se saber bem qual escolher”, palavras de um médico que escreveu o “Manual de Medicina Doméstica.”
O que ele não falou, falarei agora: o chá de tília é antimiasmático, ou seja, afasta energias nefastas das quais não sabemos nos livrar num primeiro momento. Seu chá combate dores de cabeça, gripes, resfriados e ajuda a liberar o muco dos pulmões. Tomado quente faz o indivíduo suar, liberando toxinas físicas e astrais.
A árvore de tília guarda o espírito de Phylira, mãe de Kiron, que não à toa é conhecida como a deusa do papel, da escrita, da cura e do perfume.
Seu tronco é macio, sendo muito apreciado por escultores. Além disso, dele eram retiradas partes inteiras as quais eram utilizadas para a escrita e para o desenho. E pensa que para por aí? Não. Utilizava-se também pedaços do tronco como oráculo. Neste ponto a literatura não é clara se eram utilizados os desenhos próprios da madeira ou se ali seriam pintados outros símbolos.
Claro, como estamos falando de mitologia, podemos emprestar nossa mente criativa para imaginar que seriam os próprios símbolos naturais do tronco. Eu optei por esta versão.
Uma vez sabedores da estória de Phylira, a deusa da cura e do perfume, fica fácil entender qual a razão de afirmarmos que o perfume natural é, em sua essência – não confundir a palavra – uma ferramenta de cura das mais poderosas, já que como a própria deusa, traz em sua alma a cura, bem como trouxe em seu ventre o curador – Kiron.
Lembram que a deusa Phylira tem a capacidade de transformar sua aparência? No momento em que Kronos deu a ordem para transformá-la em árvore, foi exatamente como benção alquímica para através do elemento Terra, fincando suas raízes, pudesse ter acesso a todos os outros elementos de forma equilibrada e perene.
Ela é uma oceanide, o que significa filha do Oceano, aquela que tem acesso às profundezas inacessíveis do mar, símbolo do inconsciente.
Agora, como árvore de tília ela é capaz além de acessar nosso inconsciente, ajudar a limpá-lo e transformá-lo alquimicamente. A mãe do Curador Ferido está entre nós na forma de flor, perfume, escritas, oráculos ou mesmo na forma humana, já que é deusa que domina as profundezas e as formas.
De suas flores obtém-se um chá, que além de calmante, é digestivo, expectorante, diurético, combate problemas no fígado, bem como é excelente para prevenir aterosclerose. Sua ingestão provoca suores, ajudando na desintoxicação. Importante esclarecer que é contraindicado para pessoas com problemas de insuficiência cardíaca.
Este artigo tem a intenção de informar, e jamais sugerir a ingestão de qualquer substância sem a supervisão de um profissional habilitado para avaliar a indicação, estabelecendo doses e critérios de uso.
Entretanto, indico como incenso natural para ritualizar pedidos de inspiração, justiça, cura e equilíbrio. Além disso, para aromaterapeutas e perfumistas, recomendo quando forem manipular fórmulas aromáticas, principalmente perfumes para sedução. Phylira ajudará caso seja para o bem dos envolvidos, já que ela sofreu na própria pele os efeitos de um “barba azul”. A árvore de tília e a proteção da deusa são verdadeiros abraços da Natureza . acolhe, protege, mostra o Caminho e cura.
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