Precisamos ser estudados. Ainda que possamos ter idéias, opiniões e julgamentos sobre determinados assuntos – este é o nosso mal, querer ter opinião até sobre aquilo que não nos diz respeito e que não temos a menor ideia, -precisamos de um olhar mais aprofundado de especialistas em comportamento e principalmente, sentimento humano.
Na verdade, uma equipe multidisciplinar, isenta, evoluída e muito capacitada para dar um parecer sobre nós como espécie. Eu disse parecer, e não opinião, ok?
Como todos vocês já devem ter reparado ao entrar em um restaurante, e este estar razoavelmente vazio, você escolhe um cantinho agradável no qual possa conversar, trabalhar ou mesmo pensar sossegado. Ah… ledo engano, não passam 10 minutos e adentra o recinto um casalzinho de mãos dadas, e você nem se preocupa, pois jamais quereriam sentar grudados em outra mesa. Devem ter assuntos pessoais a trocar.
Ao perceber que você se enganou, você começa a tentar entender o que aconteceu ali. O casal, a essa altura, está quase sentado no seu colo, de tão grudado que está em vocês. Só lhes resta ser fiel ao seu propósito de sossego e educamente pedir ao maitre uma nova mesa. Desta vez bem longe de todos, quase escondido atrás do balcão.
Você e seus pares respiram aliviados até que passam aproximadamente quinze minutos, e entra, desta vez, um bando de amigas que acabou de sair de uma palestra de um, segundo elas, “guru” fantástico!
O que elas não sabiam é que eu estava testando uma sinergia de óleos essenciais para percepção do nosso ambiente interno, um aprofundamento em nossa alma. Elas me ajudaram a descobrir que esta percepção se estende ao ambiente externo, e com detalhes.
Aqui vai a “essência” do diálogo travado por elas. Claro, a essência, pois tive que editar, e tenho respeito pela privacidade alheia, apesar de ninguém ali estar fazendo questão. Se fizessem, não sentariam grudadas nos outros e tampouco falariam em voz alta. Vou inventar os nomes, a fim de facilitar.
Ludmila – a iludida sem noção – “queria saber se o fulano da novela das 9 é gay. – É gente… a palestra era sobre espiritualidade com um “guru”, e a primeira coisa que ouço é essa! “Dizem” que é, mas não me conformo! Tão lindo…! Poxa, eu já tive caso com dois gays e dei um jeito neles direitinho. Se cair na minha mão, não tem errada! “(nesse momento senti uma tristeza profunda pela humanidade. Como alguém pode ser tão sem noção e arrogante a esse ponto? Não notar que tem um problema sério de autoestima, no mínimo!)
Amiga puxa saco – “Ah…, você é fogo mesmo! O “fulano e o “beltrano”, (notem que a sem noção falou nome e sobrenome de um deles). E que fim levaram?“
Ludmila sem noção ao quadrado – “Não sei. Eu me apaixonei pelo “Marquinho” e esse já me deu muito trabalho, vocês sabem, a mulher dele é um pé no saco!” (Socorro, só piora…!)
Paramos nosso assunto, porque se quiséssemos continuar, teríamos que falar mais alto do que elas. A única opção era correr dali, mas resolvi adaptar a situação. Prestar atenção na conversa. Horrível? Sim, mas com o propósito de estudar o assunto. Quem mandou grudar nos outros!? Encostos! Se estavam falando alto e grudadas na mesa alheia, não deviam se incomodar!
Como as outras duas mulheres não tinham lá muita educação, interromperam como se ninguém estivesse falando.
Dulcinéia – a “disparadora” de self – “Gente, vocês já tiraram self com o pé em cima da pia?” – Nesse momento perdi o apetite. Pedi uma capirinha dose dupla. A coisa estava se agravando… E eu nem curto tanto caipirinha…
Ludmila – “Ih… a minha foto tá bombando no “Insta”! Vocês ainda nem curtiram!” Tomei dois goles grandes de uma vez!
Amiga intelectual de Twitter – “Gente, quero saber o que vocês acharam do vestido de noiva da atriz…? (disse o nome) Eu achei ri dí cu lo”! E vocês, o que acharam?”
Seguiu-se uma sessão de irrelevâncias embasadas nos mais altos padrões de inveja… e o assunto voltou para as fotos com o pé na pia, claro. Como deixar algo assim escapar?
Amiga puxa saco ao cubo – “Miga, desde que o cara (desculpem o português, mas é transcrição, ok?) postou a self com o pé na pia, virou super “trendy”, e tô amaaando essa parada!” “Tem umas que tô linda, comprei até um sapato novo pra fazer uma foto massa.” (o detalhe é que todas têm profissão de nível superior, pelo que ouvi, só não conto qual para não depor contra a profissão).
Acham que estou exagerando? Lamentavelmente não! Nesse ponto minha caipirinha acabou! “Outra, por favor!”
Ludmila a obcecada por gays – (A essa altura elas já tinham bebido um tanto, e o vocabulário ficou bastante reduzido, mas consegui entender). “Gente, sabe quem saiu do armário? Fulano! Nunca pensei, na época da faculdade até “dei uns pega” (sic) nele, nem parece…”Fico pensando no que deu nele!” “Não que eu tenha preconceito, mas acho estranho! (vocês precisavam ver as caras delas falando isso!)
Nesse momento só não me levantei para dar minha opinião porque desisti da segunda caipirinha antes.
Comentei que precisava sentar com elas e falar um pouquinho o que eu acho. Afinal, adoram opiniões, e eu estava disposta a dar a minha. Além disso, não era segredo. Claro, não fiz isso, tive uma crise de riso com meus amigos para não chorar deprimida por ver tanta estupidez desfilando na minha frente e eu não poder fazer nada.
Quem disse? Posso sim! Aqui está a minha vingança, estou contando para vocês e estou respondendo aqui a essas “meninas” de seus 40 e trocos anos, corpos sarados, silicones em dia, prestações atrasadas, mas a academia está paga até o final do ano. (é verdade, ouvi isso também).
Texto dedicado às amigas da “mesa ao lado” – Resposta às jovens senhoras:
“O mundo prestes a colapsar, o país em uma inacreditável crise moral, valores distorcidos, famílias sem noção do que isso seja, comércio falindo, desemprego, indústrias fechando, violência, doenças, preconceitos, maldades… e vocês aí preocupadas, brigando, ou mesmo discutindo a vida sexual alheia, o vestido da atriz; a nova pose para tirar self …!
Isso tudo acontecendo e vocês preocupadas com quem seus amigos, ou pior, desconhecidos dormem? Verdade isso?
Que tal olhar pra dentro e se determinar a arrancar o curativo fajuto de sua ferida e curá-la de uma vez? Não disfarce, não desvie, não olhe para o lado. Não julgue o outro porque ele é problema dele e você é problema seu!
Enquanto você apedreja o outro com suas opiniões, que de nada servem para você, e ao outro pode ferir, cure-se, procure um Amor para si mesma . Liberte-se!
Afinal, tanto julgamento e pedras na mão, que só posso entender que algo anda bastante preso e escondido…! Imagine uma foto das suas palavras…
Comece por procurar o Amor em você, tente conectá-lo, conhecê-lo, pois só assim poderia reconhecer-lo quando encontrá-lo. Ninguém (re)conhece aquilo que não conhece. Portanto, olhe-se e procure o que amar em você. Se não encontrar de primeira, empenhe-se. Você não é tão ruim assim. Será?
Vocês estão perdidas com a mentes abarrotadas de opiniões e julgamentos que, creiam, têm causado mais estrago à Humanidade do que a princípio podemos imaginar. Seus julgamentos não fazem mal só ao objeto de suas mentes vazias. Somos um Coletivo. Acho que vocês ainda não entendem esse papo, mas procurem saber!
Enquanto estamos pensando e julgando o comportamento alheio, cheios de “razões” e argumentos, o mundo continua girando, a vida acontecendo e você aí não saiu do lugar.
O tempo passou e o seu assunto ainda é o mesmo. Talvez tenha mudado o foco do seu julgamento, pode ser o personagem do filme que acabou de ver, pode ser o político, quem sabe um amigo? Nossa! Esses estão sempre presentes nessa hora como favoritos à próxima crítica, a próxima culpa a próxima pedrada, ao próximo adeus desnecessário!
Dentro de três meses no máximo, se eu te perguntar exatamente o que ocorreu, caso não tenhas esquecido, a estória contada será bastante diferente da primeira, segunda ou décima vez que você a narrou. Isso se lembrar que um dia a contou… O que é vão facilmente se vai…!
Poderia fazer como você e acreditar que isto é fruto da maldade, fraqueza ou ignorância. Seria paranóia? Mas não posso gastar energia com isso – guardo -a para viver a vida que tenho, não a sua.
Entretanto, nada mais me impede de acreditar que a ferida que você traz na alma seja tão profunda que precise olhar para fora a fim de não ter que encará-la e sentir a dor adiada.
Lamentável falta de vida em um corpo tão jovem, tenha você a idade que tiver, a alegria de viver sua própria estória rejuvenesce a alma, faz os olhos brilharem e até emagrece! O peso da culpa de ser infeliz já pode ser deixado para trás. Solte-se, libere-se dos preconceitos e opiniões pré-fabricadas e seja feliz!
Não deixe para a próxima encarnação! Ainda há tempo para deixar sua marca no mundo. As palavras reverberam e criam. O que você quer criar? Como quer que se refiram a você quando não estiver presente? Crie sua assinatura verbal a partir do Amor.
Sinergia de óleo essencial de fragônia com olíbano – ajuda a ter sonhos significativos, a decifrar símbolos, pois estes se apresentam mais claros, abre a intuição e a mente fica mais perceptiva, com a sensibilidade à flor da pele.
Nota: Cenas da vida real no Rio de Janeiro, bairro da Zona Sul, restaurante conhecido. E a minha preocupação – falavam sério e discutiam entre si acaloradamente, tendo uma criança por testemunha, que devia ser filho de uma delas.
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