Quantos “Salve Jorge!” lemos hoje? Poucos, para dizer a verdade. Tenham sido centenas ou milhares, foram poucos diante do que é São Jorge aqui no Brasil. Aliás, no mundo!
Temos música de Jorge Benjor, do Djavan, Zeca Pagodinho, e devem ter mais, claro, mas não dá para listar né? Aqui ele é Ogum na Umbanda, é Oxossi no Candomblé, mora na Lua na visão das crianças, é padroeiro da Cavalaria do Exército Brasileiro e se não fosse São Sebastião o padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro, certamente São Jorge o seria.
Na verdade, o que quero dizer é que ele é quase uma unanimidade pelo mundo e sua história é contada de várias formas e em diversas versões.
Mas…, eu gosto mesmo é de uma boa lenda com princesas e dragões, e São Jorge hoje, como é seu dia, me empresta a dele para conversarmos por aqui. Então lá vai…
“Era uma vez…
Conta-se que o pequeno Jorge ao nascer, não chegou a conhecer a mãe, já que esta teria morrido no parto. Assim, já começa que as pessoas abusam quando pensam que você está desprotegido e tentam te atacar. Foi isso que aconteceu com o “Jorginho”…
Caramba…, veio a Dama do Bosque e o raptou porque ouviu falar das marcas que o menino trouxe no próprio corpo ao nascer. Pois é, ele já nasceu guerreiro. Em seu peito já veio “tatuado” um dragão, no seu braço uma cruz e em uma das pernas uma jarreira, que eu não faço a menor ideia do que seja, certamente não é onde se coloca um jarro, mas isso não tem nada a ver. Depois a gente pesquisa, tá?
Importante mesmo é contar que ele tinha muita força e sabia o que queria, tanto assim que saiu pelo mundo e já aos quatorze anos de idade, caiu na estrada. Não que ele procurasse problemas, mas estes o encontravam, tanto assim que lutou até contra os sarracenos.
Venceu, porque ele era Jorge, né? Assim, continuou, uma luta aqui, uma batalha ali… até tornar-se adulto. Em uma de suas andanças encontrou um eremita no caminho que lamentou o que estava acontecendo em uma cidadezinha ali por perto.
Primeiro contacto de Jorge com o dragão
O eremita contou que as pessoas estavam sendo dizimadas pelo veneno emitido por um dragão feroz, e que além de tudo, ele nem precisava fazer nada, bastava abrir a boca que envenenava as pessoas – bem, preciso fazer um a parte, porque quem aí já não teve o desprazer de conhecer alguém assim igual a esse dragão?
Mas o dragão era do mal mesmo, ele exigia o sacrifício de ovelhas para ficar com a boca fechada (um chantagista). Assim que acabaram as ovelhas, pensa que ele parou? Como todo chantagista, passou a exigir a vida das donzelas do reino.
Claro, o rei conseguiu salvar apenas a filha dele, mas chegou a um ponto em que não teve jeito. Ele dava a filha em sacrifício ou o reino seria dizimado de uma vez por todas. Começou a pressão popular e eis que entra Jorge na cidade…
Ele havia dormido na caverna do eremita, onde teve um sonho premonitório, aliás, uma característica sua. Ao amanhecer saiu com suas armas para adentrar a cidade, e assim foi feito. Entretanto, já no caminho deparou-se com um cortejo liderado por uma belíssima donzela vestida com trajes das mais ricas sedas.
Como Jorge era mesmo um sujeito do Bem e tinha lá seus poderes paranormais, ele já sabia que o dragão não seria abatido facilmente. Sua pele era muito dura e nem sua lança, tampouco sua espada, não a conseguiria ultrapassar.
Lá vem ele com seu cavalo branco, que empina diante do dragão e com ares de quem sabe exatamente o que está fazendo, dá ordens à menina que volte para casa juntamente com todas as mulheres que a acompanhavam até o local onde ocorreria o sacrifício.
Enquanto isso, ele deu uma bela sacada no dragão confirmando aquilo que viu no sonho e partiu pra cima… Pois é, o dragão deu uma baforada do mal derrubando o guerreiro de seu cavalo, que rolou, abrigando-se dos efeitos do veneno em uma laranjeira, que cortou o efeito do veneno.
Assim, ele pegou sua lança e tentou cravar embaixo da asa do dragão, mas mirou mal e acabou batendo na pele, quebrando a lança.
Não contavam com sua astúcia, pois ele tinha Ascalon, sua espada poderosa e com ela, atinge a cabeça do dragão, mas este joga seu veneno, estonteando Jorge, que mais uma vez busca a árvore de laranjas, toma fôlego e pega sua outra lança e parte com toda a determinação e fúria para cima do dragão.
Pensou assim: “agora chega!” E enfiou a lança exatamente na garganta do dragão, acabando com ele.
A princesa, nem preciso dizer, não foi para casa coisa nenhuma, ficou com as mulheres mais velhas escondida atrás de uma pedra assistindo o combate. Ela ficou encantada com o ato de heroísmo e quis casar com ele. Ela sabia o que queria desde cedo.
Mas as coisas não eram bem assim. Jorge pegou o dragão, amarrou uma corda em seu pescoço e deu na mão da princesa, que voltou à cidade carregando o condenado do bicho do mal como se fosse o mais manso dos cachorrinhos.
Claro, assim é fácil, o dragão estava morto, né? Diante de todos, Jorge pega sua espada e corta a cabeça do dragão.
Assim, por ter salvado a princesa, chegou a vez de ele fazer exigências – pediu a mão da princesa em casamento e queria que todos ali se convertessem ao cristianismo. O rei, muito grato poderia fazer a parte dele, que seria aceitá-lo como genro, mas não poderia obrigar as pessoas a se converterem. Ele achava indigno, pois fé não se pode impor – isto foi o que alegou para ganhar tempo. Parecia um velho rei sábio falando, não é? Mas, lamentavelmente, tenho que dizer a verdade…
Era um rei muito malandro e tentou levar Jorge na conversa, mas na verdade ele não queria que sua filha se casasse com um cristão, e tampouco converteria seu reino ao cristianismo. Assim, tramou a morte de Jorge, enviando-o para a Pérsia.
Sabra, que era o nome da princesa, sacou tudo, ficou na dela e contou para seu amado, ajudando-o a se mandar para a Inglaterra. Ali eles ficaram numa boa, felizes, e tudo deu certo para eles, tanto assim que estamos aqui falando sobre eles. Isto significa que ele era mesmo o cara e nós sabemos disso.
Ok, existem várias versões da estória, mas a que eu gosto é essa. E eu termino com minhas conclusões. Uma é a de que quando Jorge tenta pegar o dragão debaixo da asa, ele queria atingir o chakra umeral do bicho, onde se guarda toda a estória de nosso passado, de nossa origem. Ele conseguiu apenas feri-lo, o que já é um adianto. Não acabou com o Mal, mas já deu uma bela força.
Depois ele conseguiu feri-lo na cabeça, onde o mal começa a engendrar seus planos, Jorge é protegido pelas laranjeiras – veja aqui o símbolo – Ele então, por haver se conectado com seu instinto e com suas emoções mais profundas se sentiu forte e inteiro para enfrentar o mal. Foi direto na garganta, no chakra laríngeo, pois assim garantiria que seu veneno não mais se espalhasse, acabaria com as intrigas, as chantagens e todo o mal que se pode fazer apenas com o verbo. No chakra laríngeo é onde as ideias se concretizam, tomam forma.
Ah… vocês devem estar pensando: “mas não acabou com o mal!” Mais ou menos, porque vamos pensar: enquanto houver ser humano na face a Terra, haverá pessoas para usar mal as palavras, para envenená-las, às cidades e aos países. Mas Jorge vive em cada um de nós como símbolo do guerreiro (Marte na Astrologia/Mitologia), e podemos usar nossa lança, que são nossas melhores palavras, sentimentos e ideias – estas seguidas de ação, pois ideia sozinha não resolve nada – é só pensar em Jorge e sua lenda, juntarmos pensamento/emoção e ação, que aí estará o símbolo que ele nos deixou.
Salve Jorge! E em caso de perigo lembro-me até hoje de minha avó que colocava a mão na cabeça e dizia: “Valei-me, meu glorioso São Jorge!” E algo acontecia, milagre ou não, de alguma forma uma solução se concretizava.
Óleo essencial: de neroli é o da vez para integrar emoção e razão, unir as polaridades.
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