Considerar significa submeter aos Céus. Uma forma eficaz é falar sobre o assunto com todo o respeito e carinho que formos capazes. Ajudar o “próximo… ” você sabe quem é o próximo? Então cuide de suas palavras e atitudes!
Apenas para ilustrar o que digo, conto aqui um episódio da vida real que aconteceu comigo há muitos anos. Peguei um ônibus para percorrer uma distância curta, caminho que costumava fazer a pé. Deu na cabeça e peguei o ônibus. Sentei, e imediatamente me dei conta de que estava sentada ao lado de uma jovem tapando o rosto, chorando de soluçar. Claro, me incomodou, mas não constrangeu. Quis fazer algo, aliás, tinha que fazer algo. Coloquei minha mão de forma suave no braço de menina e disse que ela poderia falar se quisesse, pois não nos conhecíamos e quem sabe, desbloqueando a dor presa no peito, algo melhoraria.
Ok. Dei sorte. Ela começou a narrar entre um soluço e outro, com riqueza de detalhes, a cena que havia visto: seu marido – era recém casada – com sua própria irmã em cena digna de filmes de Hollywood no quarto do casal. Ela falava e balançava a cabeça, ainda com as mãos no rosto e repetia. “Acabou… minha vida acabou…!”
Claro, eu não faço a menor ideia do que eu disse à época – lá se vão uns trinta anos – mas devo ter dito algo relevante. Por quê? Vamos lá…! Quando me dei conta eu estava dois bairros adiante daquele onde eu morava, e ela anunciou que iria descer ali. Fui junto. Ela parou na mureta de um canal e continuou falando da dor que sentia, mas estava mais calma.
Naquele momento foi que realmente pude ver seu rosto. Ela olhou para mim, olhou para a própria mão, que até então estava fechada, desde que descemos do ônibus. Fez isso para chamar minha atenção para sua mão. A abriu e mostrou o que apertava com tanta força até aquela hora – era um vidrinho com um pozinho que parecia grafite – me disse ser “chumbinho”. Abriu a mão e deixou cair o vidro dentro do canal. Agradeceu, prometeu lutar para ser feliz, virou as costas e partiu.
Eu por minha vez, custei a me recuperar do espanto. Na verdade, ali aprendi que tudo o que fazemos e dizemos importa. Eu não salvei a vida dela; eu não fui responsável por nada, mas fui agente de algo Maior. Me dei conta da responsabilidade que temos que ter com tudo o que falamos – pode ser literalmente, vital.
Qual o ponto? Não somos heróis ou heroínas, não somos culpados ou coisa parecida, mas nosso papel no Mundo importa exatamente por sermos únicos.
Não podemos concordar com as vozes que julgariam ser este ato uma demonstração de fraqueza da moça do ônibus, ou que tal ato poderia acarretar em anos de mais sofrimento no limbo, umbral, inferno, ou o que seja.
Um momento! Qual ser humano nunca se sentiu atormentado, desesperado, no escuro da vida? Porém tentar aquilo que acredita ser a única solução para o seu tormento, que seria tirar a própria vida, num ato desesperado, ainda assim não seria solução.
Sentir-se vivendo no escuro, por não haver visto a Luz que cada ser humano traz em si? Por não haver conseguido olhar mais profundamente, por medo do que poderia enxergar?
Certos e errados, luzes e sombras, nada disso pode ser considerado no momento em que se vê um ser humano sentir-se tão inútil, impotente e miserável, que não veja outra saída se não a morte. Triste por todos os motivos, principalmente por ser uma crença ilusória. Nada acaba.
Vemos na Lei do Ritmo: “É a expansão até chegar o ponto máximo, e depois que atingir sua maior força, se torna massa inerte, recomeçando novamente um novo ciclo, dessa vez em um sentido inverso. Um passo decisivo não pode ser o derradeiro para ter a sensação de tudo acabar, mesmo que por um átimo de segundo. Que se dê um passo inicial. Que a decisão seja a de começar e não a de terminar. A escolha entre a luz e a sombra. Bastará um facho de luz em forma de consciência de que há algo mais.
Priorize-se! Dê um passo em seu benefício, em direção a si mesmo!
Durante a Vida você plantou algumas sementes que já se abriram e estão crescendo, outras viraram frutos, que já geraram sementes. Você nem soube de teus rebentos. Seu foco estava na dor. O vento carrega sementes para longe, o ar por onde os pássaros voam, ajuda-os em seu caminho de jardineiros do Universo. A Natureza sabe exatamente onde elas são necessárias.
Há uma troca constante, a Natureza nos ensinou a prática do escambo. O recado é: continue plantando… Palavras são sementes, atitudes são sementes, você importa. Você faz diferença no Mundo, porque só você tem um contrato a ser realizado com o Universo da forma que a sua vida é. Não rompa esse contrato!
Não será mais necessária aquela dor. Virão outras que também serão superadas. Ao lembrar-se de que o Infinito existe, imediatamente surgirá a consciência de que uma escolha precisava ser feita. Talvez, esta, a única necessária: Continuar e honrar a dádiva do milagre de ter nascido.
Sombra ou luz? Agora sim aqui cabem, mas apenas para ao caminhar por ambas, descobrir que a fusão das duas forma uma unidade. A Unidade do Ser, a Unidade do Caminho. Novas escolhas, novos aprendizados, novas dores, novas curas e o mais novo sentimento e certeza. A fé no Infinito. Ah… claro, Ele É de qualquer forma independente de nossa fé, mas ao percebermos isto, o sofrimento alivia, pois sabemos que há um Continuum…
O que não costumamos pensar é que a própria dor precisa de acolhimento. Ao fazermos isso, ela esgota-se em si mesma, tornando-se consciência, ou seja, Luz. Agora sim, abriu-se o espaço para um próximo passo – este em direção a si mesmo, ao Infinito que há em cada ser humano, que carrega a história do mundo em si. É pesada? Sim. É deveras pesada, mas podemos pensar só por mais um segundo. Se não fosse a luz e todo o Bem que há no Universo, nada disso existiria, nem mesmo a dor.
Como se acolhe a dor, você poderá estar se perguntando. Respeitando seu próprio silêncio, o cansaço do corpo, porém o autoconhecimento também precisa ser acolhido – não tenha medo do que verá – tudo está previsto no Universo, inclusive a solução de seus problemas – Em Vida e em Amor.
Importante ter em mente que a consciência de que cada um faz aquilo que consegue, por mais unidas que as almas sejam, cada caminho e responsabilidade é único. Não cabem culpas ou desculpas.
O que temos no final das contas, ainda que não acreditemos nisso, é o privilégio de uma escolha diária, que dá trabalho, bem sabemos, mas é decidir onde colocar o foco de nosso dia. Ainda que a dor atormente, ainda existe a possibilidade de seu contrário. Se ela existe, o prazer existe, como vemos na Lei Hermética da Polaridade:
“Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados”.
Assim, pedimos a você: Imagine se o dia fosse ensolarado durante as suas 24 horas e jamais escurecesse. Ele se estenderia ad infinitum. As pessoas não conseguiriam descansar, o biorritmo desequilibraria totalmente, o corpo não aguentaria, e a alma tampouco.
É assim com a luz x sombra. Tão necessária quanto a noite. No caso da primeira hipótese, cabe a nós acendermos o Sol que temos dentro de nós, posto que filhos do Universo. Lembre-se!
Reconcilie-se com seus desejos, acolha sua sombra sem julgamentos e apenas mantenha a consciência de que se a sombra existe é porque existe luz – Use-a justamente para acolher a si mesmo, vendo o que de bom há no Universo que você mesmo É.
Momento de renegociar seu contrato com você mesmo. O que tanto você se cobra? O que as pessoas cobram de você? Não. Ninguém pode fazer isso. Cada um sabe até onde aguenta.
O segredo é: Não! Você não deve nada a ninguém. Quando fazemos favores, os primeiros beneficiados somos nós mesmos. Há aqueles que se doam por amor e aqueles que se doam por se sentirem “devedores”, culpados sabe-se lá do quê. Libere-se!
Dê-se nova chance de escolher aquilo que realmente possa aguentar. É tempo de renegociação. Observe os movimentos da Natureza – não desequilibre-a “retirando-se antes da hora!” -, reconheça-se como parte integrante e importante.
Você pode colher amadurecimento e força para a partir de hoje cumprir seu contrato até o final de uma etapa chamada encarnação. Agora, ciente de que existem ciclos e estes são parte do Infinito que você mesmo É, sinta o privilégio de estar vivo, de poder decidir que se está vivo, a vida lhe pertence, aproveite! Mude de acordo com o que você agüentar mudar, no seu ritmo.
O Universo pode ser incompreensível, mas é Infinito e somos parte dele. O Universo é Amor e você por conseqüência, amor é. Aproveite!
Traduzindo: se estamos no Infinito e as polaridades se tocam, o melhor a fazer e lembrar de outra Lei Hermética:
“Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nenhum escapa à Lei”
Você é semente. Cultive-se!
Óleos essenciais: sândalo Mysore – sálvia esclareia – grapefruit (duas gotinhas se for usar um só no colar aromático. Para detalhes, procure um profissional.
Foto girassol: Kyaw Tun – Unsplash
Outras fotos: Pixabay – todos os direitos reservados aos autores
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