Um poderoso rei resolveu visitar um reino distante e amigável, pois tempos havia que os dois reinos não celebravam o encontro. Por medo de sua integridade e segurança, saiu em sua jornada de forma humilde e discreta. O branco foi o que melhor lhe uniformizava, trazia a discrição necessária, a imagem de bom trato e a intenção apaziguadora de sua visita, sem ostentações e sem oposições.
Ao longo de sua caminhada, lenta e contínua, esse rei deparou-se com algumas armadilhas de malandros que tinham a informação de quem ele era. Esses malandros pediam ajuda ao rei bondoso e sábio para que o ajudassem a carregar colheitas pesadas e pedras para erguerem moradias. Como era seu dever de monarca, o bom rei, ajudou sem hesitar, sujando seus trajes simples e brancos.
Depois de tanto ajudar os falsos necessitados pelo caminho e já sujo e molambo a ponto de se misturar com a plebe, recebeu esse seu último pedido de ajuda, que era para que amarrasse um cavalo solto, que provavelmente se perdera. No ato de sua bondade, foi confundido com uma meliante, ladrão daquilo que simbolizava o poder e o luxo do povo desse reino amigo. Assim, sem ao menos se identificar, aceitou o fato de ser condenado à prisão e por lá viver durante longos anos.
Com isso, a diplomacia que antes havia entre os reinos, agora havia sido rompida, e o rei que iria receber a visita, levou anos para descobrir o motivo de tal traição. Entretanto, chegou o dia em que soube que havia entre seus prisioneiros, nada mais, nada menos do que alguém de sua mais alta consideração e hierarquia. Mais ainda, havia entre seus prisioneiros, alguém que soube colocar todo seu poder e orgulho de lado, para aceitar as regras do reino amigo, por mais injustas que fossem.
Após liberto, podemos imaginar que os dois reinos até voltaram à cordialidade. Mas sabemos com isso que toda imposição é burra, todo limite tem que ser respeitado e que mais nobre é aceitar que por vezes é melhor esperar que o mal-entendido se desfaça do que lutar contra algo inexplicável.
E nessa ordem seguimos as tendências do período, onde muita força masculina do fazer, do trabalho e até da força está sendo imposta, mas que pode ser vencida pela diplomacia, inteligência e paciência.
As amizades estão em risco, então não perca algo valioso por apenas uma atitude errônea.
E seja, por visita, por cordialidade, por romantismo, viaje com a certeza de que encontramos sempre pela frente, muitos malandros que zombam de nossas pegadas.
E se precisam ocultar alguns de seus encontros, ou até mesmo alguns de seus atos, o façam em nome da preservação, nunca por omitir seus deslizes e seus erros.
Quando o branco lhe cai bem, não há sujeira que impregne nele.
Vista-se de humildade, calce-se de perseverança e guie-se pelo seu destino. Aceitando e aguardando, que a verdade sempre triunfa.
Curve-se, por mais soberano que seja. Pois só os não maleáveis quebram.
Óleo essencial: Ho Leaf
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