”Olho para o céu
Tantas estrelas dizendo da imensidão
Do universo em nós
A força desse amor nos invadiu…
Então…
Veio a certeza de amar você…”
(Caetano Veloso)
Já havia dominado todas as terras e aqueles que nela habitavam. Por onde passava, todos se curvavam à sua magnitude. Poder, beleza e sedução, se juntavam aos dons que herdara do universo. Sua virtude, fazer com que qualquer súdito se tornasse fiel e escudeiro. Além desta, tinha outras, por exemplo, a de abrir estradas e delimitar os dois mundos. Nada que fosse pedido, se tornaria esquecido. Cedo ou tarde, os desejos seriam realizados.
Quando não há mais o que se conquistar, a vida parece não ter sentido. Toda caminhada só é válida quando desfrutada por companhia.
E assim vagou o Rei dos Reis. Sem saber o que procurava, sem saber mais o que precisava dominar, continuou sua jornada de procura. Atravessava cada portal, cada mundo, cada limite imposto pelos homens e não achava uma resposta sequer.
Percebeu seu entorno, dominou o que dali poderia extrair. Aprendeu com os anciãos a lida e a fé. Mamou nas tetas da devoção e se alimentou de sangue, mesmo que muito deste viesse dos homens.
O vento que antes soprava com força, derrubando florestas inteiras, hoje não passava de um simples sopro. A escuridão que insistia em oprimir, poderia perdurar por anos que já não mais o assustava. E em tudo que havia qualquer sinal de movimento ou de vida, ali era percebido por ele.
Todos os problemas apresentados, ali definitivamente são solucionados, a parceria no mesmo momento firmada, selada e confirmada.
Mas com esse rei não há falatório, não há promessa sem cobrança, não há doação sem retribuição e não há parceria sem parceiro.
Foi quando, ao perceber que sua beleza também poderia ser frágil na ação do tempo e que nem sempre só um é capaz de doar, buscou seu equilíbrio.
Foi na encruzilhada entre a vida e a morte, acordou em seus braços, cabelos escondendo meias verdades, sorriso contido em lábios mais vermelhos que o próprio coração. E seu sangue, assim como o dele, percorria seu aparelho, na atração da própria morte e na volúpia de seus corpos. Agora, alma, ego e corpo dançavam entre as brumas mais prateadas já vistas e ao som de amor.
Sua linda e plena busca, acabara de ser encontrada em forma de amor. A mais bela das belas.
E quando o amor se invade o coração, somente uma coisa pode destruí-lo, a encruzilhada do propósito de vida.
Aquela que se tornou rainha de tudo antes conquistado, hoje pode procurar novos desafios. Enquanto o Rei, cansado de tanto domínio, aguarda uma caminhada mais leve e sem grandes desafios.
Seria justo um rei morrer pelo outro? Mais ainda, seria justo dividir a imensidão de seus reinos? O que não é justo é penar uma eternidade onde estiver esse sacrifício.
Alguns dos mais poderosos reis, optaram por viver a amargura da busca incessante da caminhada solitária.
Mas o Rei dessa história, o rei desse período, reconheceu no olhar de sua alma gêmea que novos caminhos são possíveis e mesmo que em velocidades diferentes, em passos distantes, o importante é ambos chegarem ao fim do dia e contemplarem a beleza de estarem sempre chegando no mesmo destino.
Óleo Essencial – Jasmim
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