Tendências para ABRIL 2020 – Somente só

Mesmo levando uma vida sozinha, ainda assim não era solitária. Era apenas um ser levando a minha vida em frente e seguindo minhas obrigações diárias. Mesmo que de minhas muitas funções mal soubesse a serventia. Não eram-me impostas, quase como uma dádiva, as aprendi e repliquei. Também não lembro do amor de mãe e pai, muito menos de seus exemplos a serem seguidos.

Levava meus dias recolhida e caminhando em campos verdejantes, nos quais também foram muitas vezes minha casa ou meu alento. Da terra recebia a comida, mas também me atraiam os lixos como lanches práticos e saborosos. E aos poucos crescia, sozinha, em minha vida simples. Mesmo em fases de regalia ou fases de dificuldades, ainda assim levava a vida. Não sabia se era uma missão, ou se era apenas o que conhecia como vida. Não sabia nem tampouco o que era cansaço ou tédio, pois tinha o que conhecia.

Girava pelo mundo ou o mundo girava em mim. Até que um dia o mundo parou. Não sei exatamente o que aconteceu, mas tenho a sensação de que não foi por minha causa. O caminhar era fraco, tudo parecia recluso, estagnado e escasso. Mesmo que tendo levado minha vida inteira sozinha, comecei a me sentir só. A solidão realmente bateu em minha existência e tudo passou a não fazer mais sentido. A vida não tinha sentido, comer não tinha sentido, os verdes já não eram tão verdes e todos aqueles que eu não conheci, me pareciam mais distantes ainda. Se até hoje havia levado minha vida olhando para baixo, como saberia se meu corpo saberia olhar para cima. E a vida parou. O sentido faltou. A voz interna silenciou.

Precisei mesmo já sendo sozinha, me isolar. E dentro de meu casulo me recolhi. Ali recolhida e encolhida, vi com clareza o mundo de cabeça para baixo. Fui sentindo no ar e dentro de mim toda a existência. Percebi que eu fazia parte de um todo e era responsável por esse todo. Descobri que eu era a força cósmica que já habitava dentro de mim. Reconheci a minha função na vida, não como dádiva ou apenas hábito, mas sim, como vida.

Soube naquele instante que quando a vida nos faz um chamado, a resposta já está dentro de nós porque somos Deus em ação. Somos a transformação. Somos a função e o sentido. E quanto menos força fazia, ainda assim sentia meu corpo e mente se transformando e rompendo as barreiras do que eu conhecia fisicamente. Já não cabia mais naquele isolamento. Eu me tornei outra. E sem perceber, criei asas… voei. Voei para mundos desconhecidos, descobri a vida em outro ângulo e todas suas possibilidades.

E quanto mais elevada estava, mais fazia parte de todo o sistema. Conheci outras iguais a mim, mas cada um com sua beleza e suas cores. Descobri novas espécies e todas suas funções. Reconheci Deus. E aprendi que podemos nascer lagartas, mas já com as asas que nos fazem voar.

Bom isolamento! Boa transformação! Libertem-se! Criem asas que façam sentido.

Óleo Essencial – Rosa Branca

 

Marcelo Barroca

Marcelo Barroca Assertividade. Intuição. Humanidade. Assim se caracteriza seu trabalho como Oraculista. Tradução de símbolos arquetípicos com a marca de quem ama e respeita o que faz.

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