
Pais e filhos – perdão – foto ver crédito abaixo.
Compartiho com vocês algo que até agora me soa como um sonho. Entretanto, isto ocorreu entre o sonho e a realidade, em estado Alpha. Na verdade, um monólogo de um filho com seu pai. Trata-se de perdão. Não achei que fosse comigo, resisti. Não deu.
Acordei com uma boa sensação de dever cumprido, pois algo estava claro. Tinha que publicar. Talvez este texto seja para você, seu vizinho, quem sabe sua irmã ou amiga? Era um homem falando, mas poderia ser uma mulher. Creio que a essência é a mesma, muda o contexto.
O contexto vai mudar de indivíduo para indivíduo, mas a essência pode reverberar em todos nós. Acordei com essa fala – algumas pessoas saberão como é – um sonho em que se acorda e ele continua – isto acontece comigo com frequência, quando se trata de textos espirituais e emocionais.
Um filho mesmo sem conhecer o pai, fala sobre perdão.
“Finalmente, meu pai…!”
Hoje estou na sua frente como filho, sem dúvidas, mas principalmente como homem adulto que sou. Talvez você não tenha sabido como ser um bom pai, ou mesmo como ser pai – e apenas isto.
Como ser filho de um pai, como se aprende? Não tive essa chance, mas você também não a teve – pelo menos a de ser meu pai – cada ser humano é um universo inteiro, este você não conheceu.
E como ser filho de um pai? É, meu velho… talvez tenha sido este meu grande desafio – entender meus filhos – como eles sabem ser filhos?
Será que você fez de propósito? Claro que não. O Pai, aquele, o Criador, talvez o tenha feito por insondáveis motivos. Verdade que aos poucos vamos desvendando, muito devagar, uma pecinha aqui, outra ali vão se encaixando, mas sei que não preciso e não vou montá-lo todo. Informação privilegiada do Universo.
O desafio estava ali, portanto enfrentei. Como eles aprenderam e desvendaram o mistério de como ser filhos? Eu estava ali, mesmo sem saber, dando as dicas. Quantas vezes passei a impressão errada! Mas eu estava lá. E eles? Insistiram. Estávamos lá um para o outro – pai e filhos aos poucos se aprendendo. Aprendi com eles a ser pai.
Não tenho a arrogância de pretender ser chamado do que dizem ser “um bom pai”, quero ser humano, quero ser visto como um ser humano melhor do que costumava ser, a cada dia.
Ser filho e ser pai. Aprendi com eles. Trata-se de respeito ao indivíduo e Amor na totalidade. Desafio resolvido. Tirei da sua conta, pai.
O tempo passou, minhas queixas se diluíram no tempo e com o Tempo. Eu estava ocupado. Algumas delas se empedraram, viraram dores físicas, outras se confundiram com desprezo. A pior parte? As que eu ignorei. Te neguei o direito à minha raiva de não tê-lo. Talvez eu tenha achado que você não estando afetivamente presente, não sentiria minha raiva, e esta seria vã. Para quê tê-la?
Entendo agora que lhe neguei esta destruidora presença, assim como acreditei você ter me negado Amor. Acreditei que estivesse vingado, que estávamos quites, portanto para quê perdoá-lo? Como se perdoa o invisível?
Hoje percebo que o teria perdoado se você tivesse pedido perdão – saberia que você era real, humano, com sentimentos palpáveis – um abraço é um sentimento palpável, sabia?
O teria perdoado se acreditasse que eu tinha raiva, que eu tinha sido prejudicado. Joguei o que sentia na conta do ressentimento do que você fez à minha mãe. Afinal, não sei como foi, por que foi, ela não falava seu nome – indício de dor. E você? Também não falava. Claro, talvez você não existisse. “Eu não tinha pai”, diziam meus colegas da escola, e eu passei a vida nessa crença – “não tenho pai”.
Você não existia. Como perdoá-lo? Cresci. Hoje eu sou o homem – o pai sou eu. Acreditei não saber ser pai, pois não aprendi. As pessoas aprendem pelo exemplo. Onde estava o meu? Segui instintos, me esforcei, acertei, errei, fiz exercícios de amor.
Meus filhos me ensinaram. São da geração que já diz “eu te amo”, que busca o amor em si e buscam reconhecê-lo no outro. As novas gerações questionam sentimentos. Isso tem seu lado poético, lúdico e belo. Poderiam ficar assim, mas por vezes, questionam demais. Mas isso é outro papo.
Agora vejo que a força, a coragem e a fé na Vida que minha mãe carrega em si, você também fez parte – deu sua contribuição. Ela pode ver a humanidade em muita gente – tinha olhar atento tanto para a generosidade quanto para seu oposto – ; aprendeu a ter fé e cedo conheceu a própria capacidade – a força do Amor – que ela não sabia o nome -, pois na verdade não o conhecia de fato, não sentia palpável – faltou o tal do abraço, sabe?
Mas nem tudo é dificuldade, pois a Vida é de ciclos e eu cheguei. Ela me conheceu e me deu esse amor. Ela deu ao meu filho, como a mim, em alimento do corpo e da alma, com suas mãos e sua fé. Meu filho já cresceu, é um homem, vive com o conhecimento de que, apesar de não palpável, sabe que você é parte, mesmo sem querer ter sido. Eu nasci e sou parte. Tiro-lhe dos ombros a responsabilidade.
Minha mãe foi feliz ao jeito dela, do jeito que precisou e conseguiu ser. Ela amou e foi amada. Eu te libero. Faço isso por mim. Faço isso pelos meus filhos para que não carreguem peso desnecessário. Faço por você para que siga livre e saiba que aprendi que na Vida fazemos aquilo que conseguimos. É assim comigo. À ela coube o amor do filho e dos netos.
Hoje eu posso entender a sua dor – você não sabia como ser pai. Teve medo? Foi medo do compromisso, da mudança de Vida? Medo de errar? Não! Não me responda. Hoje, já não me importam tais respostas. Preciso sim lhe dizer que o perdoei à medida em que olhei para mim e vi que o pai que fingi não procurar, só de vingança, e por fidelidade à minha mãe, estava alí, no meu sangue, nos meus ossos, na minha voz.
Você sempre esteve ali, porque sou seu filho e a semente da qual nasci foi doada por você. Mesmo que você não soubesse, mesmo que você não quisesse, você estava ali. Cinquenta por cento da minha composição é sua. Mas sei que 100% da responsabilidade pela minha felicidade é minha e isto faz toda a diferença.
O perdão não me foi pedido, mas hoje, meu pai, posso lhe dizer – foi concedido dentro de mim para o pai que eu criei, que muitas vezes fantasiei ser herói, outras tantas o fantasiei como vilão, mas ainda assim meu pai. A você devo, junto com minha mãe, a responsabilidade de eu estar aqui na Terra. O perdão à você, seja você quem for.
Quanto à fidelidade que falei sobre minha mãe, que poderia ficar magoada por eu havê-lo perdoado, já não me culpo, pois as decisões e escolhas de vocês foram pessoais. Até o fato, quem sabe de ela não ter tido escolha, não posso mudar e ela teve força para seguir altiva e me ensinar assuntos de mãe e tentar, – pois as mães tentam, – ensinar as coisas que, quem sabe meu pai me ensinaria?
Minha obrigação é fluir na Vida e honrar teu nome, que é o meu. À ela cabe a alegria de ver um filho que sozinha criou, e entender que o perdão liberta mais a quem perdoa, do que a quem apenas é perdoado. Quem sabe ela faça o mesmo?
Isto deixo registrado. Aprendi com meus filhos a ser pai, e hoje sei melhor, pois descobri que só posso me tornar um bom pai porque sou pai de mim mesmo. Me acolhi, me ensinei, me fortaleci. Literalmente me abracei.
Pai, hoje você nasceu como pai. Receba um abraço, não meu, mas de si mesmo, pois assim estarás recebendo amor do filho, dos netos, e o melhor de todos – do pai que você é – um ser inteiro, e agora, acredito, mais leve. Tomara!
Siga seu caminho sem peso. Que o Universo lhe seja suave. Estamos bem, e mais ainda: somos gratos pela linhagem que você deu origem.
Vá em paz!
Nota que vale registro: Utilizei por três noites seguidas o óleo essencial de mirra. Utilizei alguns exercícios que me foram indicados pelo Constelador Marcelo Barroca.
Recomendo só utilizar óleos essenciais com supervisão de um Aromaterapeuta ou com conhecimento pessoal sobre o assunto.
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