Sumário: Um sonho para minimizar um pesadelo. O que fazer com os refugiados? Você tem seus próprios refugiados. Vamos conversar. Artigo escrito em 2018 e reeditado.
Tem um assunto que anda me assombrando, e acredito que à maioria de vocês também. Por isso, preciso falar, trocar ideias, e sugiro que a partir desse artigo, possamos discutir mais sobre isso, e quem sabe, até dar forma a um documento que venha a ser de relevância para as pessoas. Não é pretensão, não é sonho. É um desejo que, creio, por ser coletivo, tenha força de realização.
O assunto é a situação dos Refugiados – pois é, não há como fingir que não está acontecendo. Não há como deixar de ver, pois isto é pessoal, é com você sim!
Vemos pessoas sendo obrigadas a deixar seus países, suas casas, filhos, mães e pais, como única chance de sobrevivência. Passam por toda espécie de humilhação e sufoco até chegarem a um país, que acreditam ser sua tábua de salvação, mas que na verdade, ao ali chegarem, após o alívio dos primeiros momentos, podem descobrir que trocaram seis por meia dúzia.
Em muitos casos, mais humilhações, torturas, fome, rejeição a um nível insuportável, além do medo e terror que assombrará os pensamentos e emoções dessas pessoas – foi feito um rasgo perene na alma de cada uma delas.
Por mais que o país que acolhe os refugiados tenha boa vontade, não consegue dar condições dignas para eles, porque não o estão conseguindo dar aos próprios cidadãos daquele país, principalmente em razão de guerras, como é o caso presente.
Se o cidadão do país “X” está desempregado e vê um estrangeiro ocupando um cargo, executando um serviço, que por menos que se pague por ele, está tendo o privilégio de trabalhar, já é mais um problema para o estrangeiro. Muitas vezes o refugiado, quando consegue entrar em um país, acaba sendo vítima do próprio cidadão local.
O que carregam na bagagem?
Sua história – para trás não dá para mudar, é sua origem e sua vida até o dia em que você perdeu a paciência e foi embora! Bagagem que você carrega impressa na alma e pronto! Sua história lhe acompanha onde quer que vá!
Um Sonho e uma Utopia
Mas estou aqui para contar um sonho que tive e preciso tornar público, quem sabe alguém me ajude a elaborar, e mandamos um documento para a ONU dando uma ideia… E juro que não estou brincando, e tampouco estou pensando que “descobri a pólvora”. Já devem ter pensando nisso, ou algo parecido. Entretanto se forem cobrados…, quem sabe?
Não sou ingênua nem criança que acredite na ONU como salvadora de qualquer coisa – é um órgão político, e daí não preciso dizer mais nada. Cito essa instituição por falta de ideia melhor, por isso peço ajuda de vocês.
No sonho eu via uma mesa redonda com pessoas falando um idioma que eu entendia, mas cada um era de um país diferente, com um idioma comum a todos. Tratavam da questão dos refugiados e deliberavam sobre como enviar todos para as terras doadas pelo país “X”, já tinham voluntários para a administração; advogados para fazerem uma constituição própria daquele que viria a ser um país novo; tinha psicólogos, médicos e até algo como os “Médicos Sem Fronteiras” tinha também.
Havia um prazo estabelecido para início da ajuda e para o término, quando previam, estariam independentes.
Na verdade, tinha voluntários de várias profissões e talentos diversos, todos dispostos a ensinar, organizar, curar e construir uma nova nação naquela terra. Havia uma rigorosa supervisão desse órgão, que era a união de todos os países, mas cada um deles tinha a mesma importância.
Tinham tempo igual para sustentar suas ideias, e o melhor, respeitavam-se mutuamente. Esse Conselho, do qual fazia parte cidadãos comuns de todos os países, elaboravam relatórios com todas as atividades e os tornavam públicos, a fim de garantir transparência e sucesso ao assunto.
Não seria a Nação dos Refugiados, seria um novo conceito holístico, real, factível. O dinheiro que os países estão gastando construindo muros, destacando soldados – seres humanos atacando seus semelhantes; colocando milícias para impedir a entrada dos estrangeiros, todo ele transformava-se em recursos financeiros doados como caridade.
Era tudo revertido e administrado por um grupo de pessoas que contatavam arquitetos para projetar a cidade e seus prédios, compravam material de construção e faziam uma nova cidade com escolas, hospitais, pensões, hotéis, restaurantes, farmácias de produtos naturais, enfim, com tudo o que uma cidade precisa.
Ah, sim… havia tribunais e templos religiosos, porém àquela altura da vida, procuravam não ter problemas que chegassem a precisar de intervenção externa. Os templos abrigavam, na verdade, boas conversas, simples, filosoficamente simples, porém bastante profundas. Havia um acordo pré-estabelecido em não haver imposição, nem menção a denominações religiosas formais, o único nome que poderia ser dito seria Deus, como sinônimo de Todo, de Natureza, de Origem, O Criador… Isto tudo a fim de não gerar cisões entre os Seres.
No final das contas, as pessoas poderiam ver que falavam de uma mesma coisa, de um mesmo Poder, mas com linguagem diferente.
Os próprios antes refugiados eram encarregados de trabalhar nas obras – passavam a saber o quanto custa, literalmente tinham uma cidade construída com o próprio suor.
Havia hortas – eles plantavam, cuidavam e comiam o que plantavam. Os médicos eram treinados em terapias mais naturais, com uso de fitoterápicos, só fazendo uso de remédios sintéticos se outro jeito não houvesse.
A princípio acreditei ser um sonho simples; passei a achar ao longo do dia que fosse um desejo utópico de um mundo melhor, porém fui acometida de uma vontade incontrolável de compartilhar com vocês, a fim de pensarmos juntos.
Talvez eu esteja ainda sonhando, mas como não acredito em finais felizes, simplesmente por não acreditar em finais, e sim no Continuum da vida, no Infinito, creio que valha a pena passar por ingênua e falar que boto fé que possa dar certo algo assim. Pensando, só para argumentar:
- Escrever um documento para a “ONU” ou outro órgão mundial adequado;
- Colocarmos no documento um pedido de reunião para que decidam, com a participação de instituições humanitárias, onde pudessem descobrir uma terra que os pudesse receber e formar essa comunidade onde viria a ser um novo país, independente – apenas nos primeiros anos haveria interferência (como ajuda) até que eles se firmassem como nação factível e autossustentável;
- Redigir um documento de cooperação entre países, dando um prazo para que eles pudessem se organizar;
- Convocar refugiados de todos os cantos do mundo para fazerem parte deste acordo;
- Redação do que viria a ser a constituição desse “país”, onde o regime de administração seria ao exemplo de um conselho dos anciãos, com mediadores, no qual a participação de homens e mulheres tivesse o mesmo peso. Isto nada tendo a ver com questões de gênero, mas de equilíbrio de energias e pontos de vista;
- Convocar voluntários para trabalharem a partir de suas bases ou mesmo, viajando para dar assistência ao novo “país”;
- Convocação de doadores de sementes de toda a espécie;
- Médicos, dentistas, professores, muitos professores, advogados, conciliadores…
- Pedagogas, professoras para creches, pediatras, geriatras, enfim todas as categorias profissionais;
- Músicos, filósofos, artistas de toda espécie…
Desta forma, os antes refugiados, passariam a ter uma vida digna, produziriam aquilo que consumiriam, tornariam uma terra produtiva modelo para vários países, onde os cidadãos seriam gratos uns aos outros, já que as coisas ali só funcionariam se todos cooperassem, onde escambo seria uma prática de demonstração dessa gratidão. Algo feito natural e espontaneamente.
É claro que não sonhei com um plano perfeito, mas com o esboço de algo que poderia vir a dar certo, caso levássemos a sério pelo menos a primeira ideia, numa demonstração de fé de que algo ainda pode, deve e precisa dar certo.
Afinal, eles carregam os fardos de todos nós – sem teto, sem terem para onde voltar, sem noção se terão o que comer, expostos às intempéries climáticas, pois às emocionais, nem tempo têm de dar atenção.
Quem são seus refugiados?
Todos nós, de certa forma, somos refugiados de algo, de alguém ou lugar. Todos nós buscamos nossa nova pátria onde possamos ser acolhidos e vivermos a história que gostaríamos e acreditamos ter nascido para viver.
Sim, acredito que nossa pátria maior é dentro de nós mesmos; nossa casa nossa fé; nossa família a Humanidade; nosso Deus, o Universo.
Se começarmos acolhendo “o refugiado dentro de nós”, já estaremos fazendo algo pela Humanidade, já que somos parte deste Coletivo.
Assim, mais fortes, poderemos pensar em espalhar esse amor e compaixão para os refugiados “de fora” e quem sabe, poderemos fazer algo com o qual possamos deixar nossa marca na Terra – a marca daquele que ao menos tentou ser melhor do que acreditava e fez um movimento para o outro, ainda que esse “outro” fosse ele mesmo escondido dentro de si.
Você é refugiado de onde? Você foge do que? De uma forma ou de outra, somos todos refugiados. Onde você se sente sem pátria? Quem não o acolheu? A boa notícia é que você pode acolher-se, dar-se suporte, fazer o seu país!
Não precisamos nos refugiar na bebida, na comida, no trabalho, nos amigos ou mesmo na cama… Ah… que maravilha ter uma cama, não? Podemos resgatar e acolher, sempre há tempo de nos buscarmos de volta, construir nossa pátria, fertilizarmos nosso solo e colhermos o alimento que dará suporte à nossa alma e de quem mais dele precisar.
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